A Musicoterapia usa da música e de seus elementos (como ritmo, harmonia e melodia) no tratamento de pacientes, com o objetivo de obter melhor na saúde e na qualidade de vida. A técnica usa diferentes instrumentos, porém não para aprender a tocá-los, mas sim para entender seus sons e usá-los como uma forma de expressar emoções.
O que é música?
A música está muito presente na vida do ser humano, especialmente, nos dias de hoje, seja em casa, no trabalho, no carro, no ônibus, na rua, nos ambientes de lazer, na escola, na academia, no consultório médico, no cinema, enfim, os indivíduos estão expostos a ela, com ou sem fones de ouvido.
Nem sempre há tempo para apreciá-la de forma adequada, o que pode gerar para os ouvidos apenas ruídos de fundo.
Porém, analisando calmamente o poder da música na vida humana, chega-se a seu potencial terapêutico e no quanto a música pode ser importante para gerar mudanças na vida das pessoas, inclusive, levando-as a ter uma vida mais saudável, equilibrada ou até mesmo mais colorida e alegre.
Musicoterapia é um processo interpessoal que envolve o(s) terapeuta(s) e o(s) cliente(s) exercendo certos papéis na relação e em uma variedade de experiências musicais, todas estruturadas para ajudar os clientes a encontrarem os recursos necessários para resolver problemas e aumentar seu potencial de bem estar. (Kenneth Bruscia)
O que é Musicoterapia?
Também, faz uso de instrumentos diversos, sendo que o objetivo não é aprender tocá-los, mas saber reconhecer os sons de cada um e ter a possibilidade de expressar suas emoções através deles.
Agindo no campo da saúde e da arte, a Musicoterapia promove a comunicação, a expressão e o aprendizado, facilitando a organização, a prevenção e a reabilitação dos indivíduos.
Essa prática busca, também, desenvolver potenciais e restaurar funções diversas dos sujeitos, para que alcancem uma qualidade de vida ideal, com equilíbrio e harmonia, por meio da prevenção, reabilitação e tratamento.
A Musicoterapia propicia a construção de uma imagem positiva de si mesmo e dos outros, reforçando a expressão verbal, escrita, corporal, plástica e musical.
Musicoterapia é a utilização profissional da música e seus elementos, para a intervenção em ambientes médicos, educacionais e cotidiano com indivíduos, grupos, famílias ou comunidades que procuram otimizar a sua qualidade de vida e melhorar suas condições físicas, sociais, comunicativas, emocionais, intelectual, espiritual e de saúde e bem estar. A investigação, a educação, a prática e o ensino clínico em musicoterapia são baseados em padrões profissionais de acordo com contextos culturais, sociais e políticos (WFMT, 2011).
A World Federation of Music Therapy (WFMT) dedica-se ao desenvolvimento e impulsionamento da Musicoterapia no mundo, como arte e ciência. A Federação incentiva o desenvolvimento global de programas educacionais, de prática clínica e de pesquisas, a fim de demonstrar as contribuições da Musicoterapia para a humanidade.
Existe, ainda, o trabalho da Musicoterapia comunitária, ou social, em alguns lugares, que tem o objetivo de promover o empoderamento de grupos e favorecer a participação e organização dos mesmos, para que os indivíduos abasteçam-se de confiança e capacidades para enfrentarem a vida cotidiana em sociedade.
A Musicoterapia favorece a prevenção de doenças em larga escala, uma vez que, além de ser uma prática terapêutica usada na reabilitação, tornou-se uma ferramenta essencial para o tratamento e a manutenção do estado de saúde de alguns pacientes. A técnica propicia a prevenção de doenças advindas do atropelo da vida cotidiana, libertando das tensões e preocupações por meio do trabalho terapêutico com a música.
Produzindo música, criando sons, estas tensões podem-se expressar de modo muito direto e das mais variadas formas, chegando por vezes a sair até de modo explosivo, proporcionando situações de catarse, de compreensão e de sublimação. (Sousa, 2005)
Quem é o Musicoterapeuta?
A Musicoterapia é um trabalho desenvolvido por um musicoterapeuta, profissional especializado e qualificado para o trabalho, que faz uso da música e de seus elementos para tratar questões afetivas, cognitivas e/ou sociais, que podem estar relacionadas à comunicação, aprendizagem, relacionamentos, saúde etc.
Normalmente, a indicação é feita dentro de uma equipe multidisciplinar, juntamente, a outras indicações e/ou intervenções terapêuticas e clínicas.
Vantagens do uso terapêutico da música
A música emerge como um meio de comunicação e de expressão, sendo que não é um objeto e, sim, uma ação do homem no mundo. Os sons existem na natureza, no entanto, é o homem quem cria a música e a melodia.
A música se realiza como uma forma do homem entender, organizar, classificar, interagir, manipular, ser manipulado, construir, desconstruir, enfim, uma forma de se relacionar com o mundo.
A música possibilita ao ouvinte a mudança de estados de espírito, favorecendo o bem estar e potencializando o desenvolvimento e a reabilitação de aspectos físicos, cognitivos, de comunicação e emocionais dos indivíduos.
Existe uma enorme vantagem da música dentro do trabalho terapêutico, uma vez que é uma linguagem não verbal, estimulando a representação simbólica, fazendo emergir memórias emocionais e respostas fisiológicas, além de estimular os sentidos.
A música possibilita minimizar os sintomas de diversas doenças, sendo que há resultados excelentes em pacientes com dores crônicas e estresse pós-traumático comprovadamente beneficiados com a Musicoterapia.
Isso devido ao fato da música ter a capacidade de estimular a coordenação motora, baixar os níveis de estresse e de fadiga. A técnica tem sido muito usada como terapia complementar para o tratamento de doenças graves, como o câncer.
Vantagens da Musicoterapia para idosos
O trabalho da Musicoterapia com idosos tem obtido resultados muito bons, principalmente, para os que buscam o envelhecimento de forma mais ativa, participativa e com leveza e bem estar.
Assim como, atuar de forma a colaborar na resolução de problemas emocionais, que podem acompanhar o processo de envelhecimento.
Há músicas que contêm memórias de momentos vividos. Trazem-nos de volta um passado. Lembramo-nos de lugares, objetos, rostos, gestos, sentimentos. (…) Mas, há músicas que nos fazem retornar a um passado que nunca aconteceu. – Trecho do livro “Na Morada das Palavras” (Papirus Editora, 2003).
História da Musicoterapia
Sabe-se que a história da musicoterapia é antiga, porém, são poucos os registros encontrados. Segundo Marius Schneider, filósofo e etnomusicólogo alemão, pouco sabe-se da pré-história da música, uma vez que a notação musical se deu só mais tarde.
Alguns estudiosos dizem que a Musicoterapia, provavelmente, surgiu na época da descoberta do fogo, quando os homens ao baterem uma pedra na outra, perceberam o som que emergia. A partir disso, quando sentiam-se irados, usavam esse gesto de bater uma pedra na outra, para que o som produzido aliviasse sua cólera. Os homens primitivos usavam a música para libertarem os espíritos maus que, segundo suas crenças, invadiam suas tribos. A música possuía para eles um poder mágico, poderoso e onipotente.
O início dos estudos comparativos sobre a música e suas implicações, aconteceu apenas após o encontro de antigos instrumentos, mitos, músicas, objetos e materiais de povos indígenas atuais. Além do que, faltam registros de sonoridades das músicas de cada época.
De acordo com outros estudiosos, o homem na pré-história articulava apenas algumas palavras e as mesmas estavam relacionadas a objetos concretos do seu cotidiano. A música, nesse sentido, aparecia para expressar sentimentos de alegria, de tristeza, de espírito guerreiro ou de crença nos poderes divinos.
A música era ligada aos rituais e à comunicação diária entre os sujeitos, sendo que também era utilizada para cumprimentos, agradecimentos, brigas/lutas e elogios. Quando as palavras eram cantadas, nitidamente, notava-se o aumento da potência da linguagem falada e a ênfase das características afetivas relativas ao objetivo do que se queria transmitir.
Ao que se sabe, o primeiro registro que diz respeito à Musicoterapia foram os Papiros de Lahun, que são uma coleção de textos egípcios antigos, que evidenciaram tópicos da vida cotidiana de um cidadão do Egito Antigo, como questões matemáticas, relatos médicos e cirúrgicos, questões de falecimentos, problemas administrativos e financeiros, entre outros. Nessa época, o uso da terapêutica com a música era constante para aliviar as crises existenciais e questões de ansiedade, principalmente, ligadas à morte, que trazia angústia e exacerbação de sentimentos aflitivos, perante a impotência diante do término da vida.
Com os estudos e descobertas arqueológicas dessa época, pode-se observar que a musicoterapia era muito usada nos templos egípcios, mesmo não sendo como é hoje em dia.
Assim como, também acredita-se que a técnica tenha sido utilizada nos tempos bíblicos, hipótese que foi retirada de um trecho do velho testamento onde é contada a história do rei Davi. Conta-se que, antes de enfrentar o gigante Golias, Davi tocava harpas na corte do rei Saul, com a finalidade de acalmar o nobre de forma que o espírito mau o deixasse.
Com o surgimento da escrita, os historiadores e musicólogos tiveram contato com rico material, que facilitou a compreensão da relação do homem com suas produções sonoro-musicais.
Constam, também, registros da Grécia Antiga, salientando a importância social e terapêutica da música. A música era considerada a arte das Musas, uma forma de revelação divina, uma vez que mostrava completa harmonização do corpo e da mente.
O Panteão (templo dedicado ao conjunto de deuses gregos) continha entidades como o deus Apolo, um dos deuses do Olimpo, o deus da música e medicina, e o deus Esculápio, outro deus da medicina que curava doenças da mente utilizando a música. Os gregos acreditavam que a música tinha o poder de aplacar a fúria dos deuses, quando estavam diante do pecado do homem, atingindo a cura de uma possível doença e a retirada do espírito causador da mesma. Também, confiavam a música aos guerreiros para que ficassem mais bravos e aptos para as lutas.
Há obras de filósofos gregos pré-socráticos que debatem sobre os possíveis benefícios terapêuticos da música. Platão argumentava que a música impressionava as emoções, auxiliava no tratamento de doentes mentais e poderia contagiar o caráter de um indivíduo. Dentro dessa ótica, indicava a Musicoterapia para tratar da saúde da mente e do corpo, como também, das angústias fóbicas. Aconselhava o uso da música segundo os modos dórios e frígios com o objetivo da elevação da alma. Concomitantemente, Aristóteles passava a ideia de que a música interferia na alma e chegava a descrevê-la como “uma força capaz de purificar as emoções”, ou seja, provocar a catarse das emoções.
O médico Asclepíades, de Bitínia, utilizava a música para trazer calma aos indivíduos alienados e com problemas mentais, como também, utilizava o trompete para curar a dor do nervo ciático e outras dores semelhantes.
No século VI a.C., Pitágoras fazia a prescrição de música e ginástica para os sujeitos como facilitadores da felicidade humana. Exercia o trabalho onde aplicava a música nas sessões com os doentes para curar a depressão, o medo, a ira exarcebada, a ambição exagerada e conseguia harmonizar o ânimo deles. Colocava um tocador de lira no centro de um círculo e os indivíduos ao redor cantando. Conseguia o milagre da pacificação dessas almas e, consequentemente, a recuperação dos sintomas físicos.
Por volta de 400 a.C., o filósofo Hipócrates, o Pai da Medicina, tocava música para os doentes mentais e essa atividade perdurou influente até após o fim da Grécia Antiga. Os gregos Arion, Zenocrates e Sarpender tocavam harpa para indivíduos com propensão a terem surtos psicóticos, de forma a evitar o uso da força física com eles.
Os gregos entendiam e acreditavam no valor terapêutico da música. Isso mostra que tinham a percepção de que a música poderia criar um estado de ânimo tal, que auxiliava no bem estar dos indivíduos. Para muitos, era dever do Estado regular a música para propiciar o crescimento moral e ético dos cidadãos.
Nesse sentido, conforme atestou-se em estudos sobre a cultura grega, a música era utilizada como prática terapêutica de saúde, buscando o equilíbrio entre corpo e espírito. Esse fato denota que os gregos foram os grandes preconizadores da Musicoterapia, enquanto prática terapêutica. Como já mencionado, conhecidos filósofos gregos já entendiam sobre as capacidades que a música apresentava em diferentes enfermidades. Então, reconhece-se Platão e Aristóteles como os precursores da Musicoterapia.
O enciclopedista e médico romano Aulo Cornelio Celso argumentava que o som de címbalos (instrumento musical) e água corrente eram muito eficientes no tratamento de transtornos mentais.
Há muito tempo na Índia, os mestres de Yoga já ensinavam mantras (vibrações sonoras, com ou sem linguagem oral associada) a seus discípulos, com o objetivo de produzir efeitos benéficos à saúde física, mental, emocional e espiritual. Quando emitidos de forma correta, os mantras possibilitavam a mudança do estado vibracional, com resultados positivos em diversas áreas da vida.
Os árabes, também, utilizavam a música de forma terapêutica e executavam curas nos sistemas sanguíneos, linfáticos e fleumáticos através da vibração do alaúde de quatro cordas.
Muitos povos depois de criarem seus próprios sons ou canções, secretamente os guardavam para sua preservação. Em algumas regiões ou tribos havia um feiticeiro ou xamã que era responsável pela criação de sons, utilizados em atividades religiosas, festivas ou de guerra, ou ainda, para retirar espíritos dos corpos das pessoas (cantos de cura).
Na Idade Média, a música era usada, basicamente, com fins religiosos, uma vez que a música era considerada divina. Caso fosse tocada de outra forma, seria considerada pagã e afastaria os homens de Deus.
No século IX, durante a Idade do Ouro Islâmica, o potencial terapêutico da música foi pela primeira vez mencionado e amplamente usado. A-Farabi (872-951), médico psiquiatra, cientista e musicólogo, escreveu o tratado “Significados do Intelecto”, onde retratou o efeito terapêutico da música. Já no século XII, os hospitais árabes apresentavam salas de música para seus pacientes.
Ainda no século XII, a música foi se destacando por suas características mais latinas, mas ainda, com muita influência religiosa. E, segundo a pesquisadora Clarice M. Costa, nesse mesmo período, a música tornou-se presente na grade curricular das faculdades, devido a sua relação com a teologia.
Os estudos de Florence Tyson (1919-2001), terapeuta que utilizava as artes e a música, evidenciaram que na Renascença apareceu uma ligação da medicina com a música através da teoria dos quatro humores (da Escola de Cós, filosofia grega), que associava os quatro elementos (ar, água, fogo e terra) aos quatro humores (fluídos) do corpo humano (bile amarela, fleuma, bile negra e sangue). Sendo que desses fluidos derivam os quatro temperamentos: colérico, fleumático, melancólico e sanguíneo, que são influenciados pelos elementos e podendo apresentarem-se em desequilíbrio e ocasionar doenças, inclusive as mentais.
Durante o século XVI, a música era utilizada com o objetivo de prevenir doenças, também, através da correspondência dos elementos à sonoridade: o alto era ligado ao ar, o tenor à água, o soprano ao fogo e o baixo à terra.
Ainda nesse mesmo século, alguns pesquisadores construíram instrumentos musicais feitos com madeiras medicinais, pois acreditavam que o som e o contato com esses instrumentos tinham efeito curativo, tanto quanto, as plantas medicinais. O filósofo, naturalista e alquimista italiano Giambattista della Porta atestou que as plantas de madeira de álamo eram capazes de curar as dores ciáticas, que as madeiras de heléboro eram eficazes contra as patologias nervosas e que os instrumentos confeccionados com a planta de rício induziam um efeito purgativo.
O médico e vigário inglês da Universidade de Oxford, Robert Burton (1577-1640), foi um dos primeiros estudiosos a escrever sobre os efeitos da música nos tratamentos médicos, citando particularmente, a melancolia. Disse que a música tinha o poder de alegrar o melancólico e reacender a alma.
Burton escreveu “A Anatomia da Melancolia”, uma grande obra literária da época, que continha textos e análises acadêmicas a respeito da melancolia (hoje seria a depressão). Evidenciou que tanto a música como a dança eram fundamentais para o tratamento de doenças mentais, especialmente, para a melancolia. Assim, seu trabalho trouxe grande influência na época a outros pesquisadores do tema, de modo a desenvolverem estudos sobre a relação do ser humano com a música.
Na metade do século XVI, o cirurgião francês Ambroise Paré inovou na prática médica ao prescrever a seus pacientes aulas de violino e violoncelo, de forma a obterem uma recuperação mais rápida de suas questões médicas.
No século XVIII, foram iniciados os estudos a respeito dos efeitos fisiológicos da música, sendo que com o surgimento do Empirismo, o número de pesquisas na área psiquiátrica cresceu. A abordagem era sobre os efeitos dos sons no sistema sensorial humano, com o uso dos elementos da música (melodia, ritmo e harmonia).
O médico e estudioso da musicoterapia, Pierre-Joseph Buchoz (1731-1807), analisou a ação da música sobre as fibras musculares de indivíduos melancólicos.
Assim, os séculos XVIII e XIX trouxeram vários estudos na área da música com o surgimento de vários métodos experimentais para o tratamento de doenças, especialmente, as psiquiátricas. E, Jean-Étienne Esquirol (1772-1840), médico psiquiatra francês e um dos iniciadores da psicopatologia, colaborou para difundir o uso da música como tratamento eficaz nos hospitais psiquiátricos. O médico estava certo que a métrica e a ordem da música influenciavam no tratamento do doente mental, resgatando normas morais e comportamentos que poderiam se ajustar socialmente, além de despertar emoções.
Nessa mesma época, onde começaram a discutir sobre a eficácia dos tratamentos com música, surgiu o questionamento a respeito de qual seria o melhor método a ser usado com os pacientes: a prática ativa, onde os pacientes executavam a música, ou a prática receptiva, de apenas ouvir a música.
O fato é que a prática ativa foi expandindo-se e a maioria dos asilos em países como a França, já possuíam bandas e corais, onde os pacientes eram coordenados pelos médicos musicistas ou musicoterapeutas.
Muitos estudiosos discutiam, ainda, que dependendo das características de personalidade e gostos musicais dos indivíduos, os tratamentos deveriam seguir por um ou outro caminho, selecionando os temas musicais mais adequados, assim como, o instrumento que seria utilizado.
Ainda no século XVIII, o médico inglês Richard Browne escreveu o livro “Medicine Musica”, defendendo a ideia de que o canto influía nos movimentos do coração e da circulação sanguínea do corpo humano, envolvendo, também, os pulmões.
Outros pesquisadores, como o médico Benito Mojan acreditavam que, antes de iniciar um tratamento envolvendo a música, era preciso seguir algumas orientações, como:
Musicoterapia e Psiquiatria
Do século XIX em diante, observou na França e, depois, em outros países do mundo, que a história da Musicoterapia transcorreu paralelamente à história da Psiquiatria.
Em 1801, o médico psiquiatra e polímata francês, Dr. Philippe Pinel, ponderou em seu Tratado Médico-Filosófico sobre a Alienação Mental, a respeito da loucura, depois da experiência como médico chefe em um asilo para homens, em Paris. Formulou a loucura como uma doença das paixões, como resultado das excessivas exposições a situações de estresse e/ou distúrbios hereditários que poderiam causar alterações patológicas no cérebro, e não uma possessão por demônios, como sugeria a Igreja. Como médico acreditava no fato da verdade médica originar, essencialmente, da experiência e observação clínica. Teve Hipócrates como seu modelo.
O Dr. Pinel foi o médico pioneiro em separar os pacientes com problemas mentais dos criminosos, isolando-os para colocá-los em tratamento médico. É considerada a primeira reforma da psiquiatria.
A música era utilizada nos tratamentos com os doentes mentais (audição e produção), importante para controlar as paixões e/ou comportamentos violentos.
Entre 1820 e 1880, a Musicoterapia desenvolveu-se através do médico psiquiatra francês e discípulo do Dr. Pinel, Dr. Jean-Étienne Dominique Esquirol, através de seu trabalho no Hospital Salpetriére, assim como, através do trabalho dos psiquiatras Leuret, Dupre, Nathan, Berthier e Bourneville em outros hospitais.
A música recuperava pacientes portadores de doenças mentais em relação à normas morais e comportamentos socialmente adaptáveis.
Nessa época, particularmente na França, a Musicoterapia Receptiva baseava-se na organização de concertos realizados pelos alunos do Conservatório Musical de Paris. Consistia em uma terapia de grupo, com corais e orquestras formados dentro do hospital.
A Musicoterapia, basicamente, seguia uma programação musical, difundida em todo o país, tendo a música como uma unidade nacional, sendo que, encorajava a socialização e a formação de grupos (orfeões=corais).
Após alguns anos, os resultados nos tratamentos não foram os esperados e, com o surgimento de medicamentos que acalmavam os pacientes agitados rapidamente, além dos progressos na psiquiatria, psicanálise e psicologia, novas abordagens foram introduzidas nas pesquisas.
A partir daí, advém o declínio da Musicoterapia no final do século XIX e início do século XX, devido ao enfraquecimento de um modo geral do conceito de estética em medicina e ao crescimento da filosofia positivista da ciência, que enfatizava o método experimental de mecanismos baseados na ciência natural.
Origem da Musicoterapia Contemporânea
Após a estagnação das pesquisas sobre Musicoterapia no século XIX e início do século XX, o princípio de que a música poderia mudar o comportamento de um indivíduo permanecia fundamentando o método.
Apesar da música já ser empregada na recuperação de soldados que retornavam da Primeira Guerra Mundial, a Musicoterapia moderna tem raízes nos hospitais militares da Segunda Guerra Mundial, onde tornou-se mundialmente conhecida e respeitada.
A música continuou a ser interesse de alguns médicos e terapeutas para tratamentos de pacientes com diversas doenças, mas começou a ser aplicada de forma contínua e a ser estudada a pedido do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América.
Assim, a música era utilizada em hospitais para colaborar na recuperação de soldados que voltaram da guerra, de forma a diminuir as dores e aliviar o sofrimento deixado pelos momentos de combate (recondicionamento físico, educacional e terapia ocupacional). Isso acontecia, principalmente, com pacientes com transtornos mentais e emocionais.
Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, a partir das experiências musicais executadas com ex-combatentes, demonstrando os resultados positivos como a diminuição das dores, redução do estresse e da ansiedade dos veteranos de guerra, começaram a surgir as primeiras associações de Musicoterapia nos EUA.
Nesse mesmo ano, o mestre em música, vocalista e instrumentista, Frances Paperte fundou, em Washington, a primeira Fundação para a investigação e documentação sobre Musicoterapia, a Music Research Foundation. E, com isso, emergiu a profissionalização da prática terapêutica.
Nesse mesmo ano, foi criado o primeiro curso universitário de Musicoterapia, no Michigan State University.
Em 1950, foi criada a The National Association for Music Therapy (NAMT), em Nova York. No mesmo ano, também, foram criadas associações de Musicoterapia na Argentina.
Na Argentina, a Musicoterapia começou a ser usada em instituições para tratamento de depressão pós-poliomielite. Os pacientes apresentavam sequelas graves, com quadros depressivos intensos, chegando a levar à morte de alguns indivíduos. Assim, inspirados nos tratamentos da “Musicoterapia de guerra” utilizados nos hospitais norte-americanos, terapeutas argentinos passaram a usar a música nesses pacientes, com resultados importantes. Nesse contexto, foi criado o primeiro curso de formação de musicoterapeutas da Argentina e da América Latina, na Universidad del Salvador, com ênfase em teorias da música, psicologia e pedagogia.
Em 1954, foi publicado o livro “Music Therapy”, pela Philosophical Library – New York, que apresenta trabalhos e conclusões sobre a utilização da Musicoterapia, indicada por profissionais de saúde e realizada por professores de música.
No ano de 1958, inicia-se o curso semestral de Musicoterapia na Academia de Música de Viena.
Ainda nesse mesmo ano, a violoncelista e pioneira musicoterapeuta Juliette Louise Alvin fundou a Society of Music Therapy and Remedial Music (conhecida como a primeira associação de Musicoterapia na Inglaterra, hoje a British Society for Music Therapy).
Oliver Sacks (1933-2015), médico neurologista britânico, escritor de diversos best sellers atuou como consultor na área, no Centro de Psiquiatria do Bronx, em Nova York, EUA, de 1966 a 1991. As histórias de seus pacientes inspiraram a execução de seus livros.
O trabalho do médico no Hospital Beth Abraham, em Nova York, forneceu as bases e fundamentação científica para a criação do Instituto de Música e Funções Neurológicas (IMFN), na mesma cidade. Sacks recebeu prêmios por seu trabalho no Instituto e, também, em honra de suas contribuições em apoio à Musicoterapia e ao efeito da música sobre o cérebro e a mente humana.
Eu penso em nós como sendo uma espécie musical. (Oliver Sacks)
Em 1963, a musicoterapeuta norte-americana, Florence Tyson estabeleceu a primeira organização de Musicoterapia nos EUA, em Nova York, que atendeu muitos pacientes e formou inúmeros musicoterapeutas do mundo todo. Essa instituição faz atendimentos de artes criativas na comunidade local até hoje.
Em 1965, Juliette Alvin publicou o livro “Musicoterapia para deficientes físicos”. No ano seguinte, divulgou o livro “Musicoterapia”. Iniciou o primeiro programa de treinamento em Musicoterapia na Grã-Bretanha, na cidade de Londres, em 1967, mesmo ano em que viajou para o Japão a fim de promover a Musicoterapia, voltando nesse país em 1969. Assim, difundiu a Musicoterapia em todo o mundo. Depois, em 1978, Juliette Alvin publicou o livro “Música para crianças autistas”.
A nova Associação de Musicoterapia na Argentina foi fundada em 1968.
E nesse mesmo ano, Gaston mostrou em seus trabalhos a fundamentação para o entendimento científico da Musicoterapia, com base nos conhecimentos da psicologia, sociologia e antropologia. Relatou a pouca referência ao campo da estética na Ciência, mencionando a existência de poucos estudos sobre o comportamento musical do homem e do emprego terapêutico da música. Pouco se sabia sobre o que acontecia no organismo humano, principalmente, no cérebro, ao ser exposto à música de maneira mais constante, em processo terapêutico. Basicamente, os pesquisadores obtinham informações através das observações baseadas nas Ciências de conduta.
Segundo Gaston (em publicação de 1968), na década de 60, os objetivos básicos da Musicoterapia em alguns hospitais psiquiátricos estavam relacionados ao alívio de tensões e ao restabelecimento de relações interpessoais, melhorando a auto-estima por meio do autoconhecimento. Também, um recurso para pacientes psicóticos, já que apresentavam dificuldade de comunicação.
Outros musicoterapeutas utilizavam a música, também, como um recurso recreativo para despertar sentimentos individuais e coletivos, favorecendo a integração dos grupos em hospitais psiquiátricos e a criação de uma relação interpessoal entre os membros.
Porém, para Gaston, existia uma riqueza no desenvolvimento da Musicoterapia que ia além dos livros e de tudo o que havia sido relatado até então. Considerava a música como uma forma essencial do comportamento humano e, para esse entendimento, é importante preservar as bases da Musicoterapia.
No campo da Educação especial muitos trabalhos importantes aconteceram com o uso terapêutico da música, sendo que Clive Robbins (educador) e Paul Nordoff (pianista e concertista) são pioneiros na área. Construíram a abordagem conhecida como Musicoterapia Criativa (Nordoff & Robbins), fundamentada em três frentes: na filosofia da música de Victor Zuckerkandl (música=arte dos sons), no pensamento Humanista de Maslow e na Antroposofia. Entendiam a música como um elemento de cura.
Começou a acontecer o aperfeiçoamento dos meios de comunicação e das técnicas de gravação, o que favoreceu a aplicação da Musicoterapia por leigos em música, como enfermeiros e psicólogos, o que impulsionou a Musicoterapia.
A década de 70 evidenciou pesquisas com enfoque na utilização da Musicoterapia em relaxamento e analgesia, principalmente, em tratamentos dentários e em partos.
Em 1972, foi criada a nova Associação de Musicoterapia na França e aconteceu o Primeiro Seminário Internacional de Musicoterapia em Paris.
Em 1975, surgiu a Associação Australiana de Musicoterapia e, em 1978, foi implantado o primeiro curso de Musicoterapia na Universidade de Melbourne.
Levando em conta uma importante pesquisa francesa em Musicoterapia, ela pode ser dividida em quatro fases principais, ressaltando as diferentes etapas da evolução da prática terapêutica:
A continuidade da pesquisa ocorreu no sentido de aumentar a área da prática e do alcance de determinadas populações específicas.
Na década de 80, surgiu o modelo de Benenzon de Musicoterapia. O médico psiquiatra e musicoterapeuta argentino, Dr Rolando Benenzon, dedicou-se a adaptação de alguns conceitos anteriores sobre Musicoterapia, para ele fundamentais para a organização da personalidade. Nessa abordagem, Benenzon enfatizou a forma de como a música era usada no processo terapêutico, assim como, a importância da relação terapeuta/paciente, inclusive com a constatação dos diversos tipos de comunicação não verbal empregados. Os objetos que fizeram a ligação nessa relação foram os sons, os instrumentos e as músicas.
Em 1981, foram difundidos os estudos e as obras da musicoterapeuta Florence Tyson (1919-2001), que relatou sobre um modelo de trabalho terapêutico com a música disseminado na década de 30, nos EUA, chamado de Milieu Therapy, terapia do meio ambiente e um tipo de psicoterapia hospitalar, muito usada em hospitais psiquiátricos, que envolvia a utilização de comunidades terapêuticas, assim como, a prescrição de atividades diversas aos pacientes e aos grupos visando uma interação social, baseada nas necessidades emocionais e interpessoais dos mesmos.
Nesse modelo, a música tornou-se o agente primário em um tratamento específico.
Salientava-se a importância de conhecer a história médica e social do indivíduo em questão, da mesma forma, que fazer um levantamento dos objetivos da intervenção terapêutica através da música. O paciente passava em consulta por uma equipe de profissionais (de diversas áreas), inclusive o musicoterapeuta, e as atividades propostas eram direcionadas por prescrições psiquiátricas. Também foram criados grupos musicais e de dança para os internos, facilitando o trabalho com outras terapias.
Tyson abarcou-se do avanço da psiquiatria e da psicologia para levar a Musicoterapia a novas direções.
Em 1989, o professor e musicoterapeuta norueguês Dr. Even Ruud organizou o livro “Música e Saúde”, onde em um dos artigos a musicoterapeuta Frohne, ao abordar a relação da Musicoterapia e da Psiquiatria, colocou que a função do musicoterapeuta, seja no trabalho psiquiátrico ou de educação social, era proporcionar “o tempo e o local para saborear, comer e digerir a sociedade humana.” Mencionou, também, as bases teóricas do seu trabalho que faz a relação da Musicoterapia com a Gestalt-terapia.
Mais tarde, em 1997 e 1998, emerge o método proposto e desenvolvido por Even Ruud, chamado de “Autobiografia Musical”, que permite a compreensão de narrativas de histórias de vida relacionadas à narrativas musicais. Esse método trabalha com a linguagem musical ao sensibilizar a imaginação, a percepção, a reflexão e a dimensão afetiva com o intuito de expressar significados e sentidos, que fazem parte das vivências e das relações existentes.
Em 1998, foi fundada a The American Music Therapy Association, em uma fusão da National Association for Music Therapy com a American Association for Music Therapy. Além, de novos cursos de Musicoterapia em países nórdicos, como o da Escola Aalborg, em conjunto com o Real Colégio Dinamarquês das Ciências da Educação.
Em 2001, após o falecimento de Florence Tyson, foi criado o Fundo Florence Tyson para Terapias e Artes Criativas.
Um estudo realizado em 2011, na Universidade de Drexel, EUA, com atualizações em 2016, comprovou que a Musicoterapia contribui para o alívio da dor, da ansiedade e da fadiga. E, também, pode contribuir para a redução do número de medicamentos tomados por pacientes em tratamento de câncer, assim como, diminuir o tempo de internação.
A Musicoterapia do século XXI tende a cogitar a música como a musicalidade em ação, porém, ainda ligada aos primeiros princípios e fundamentos de Gaston sobre o fato de que se o homem quer compreender a música enquanto forma essencial do comportamento humano, deve garantir as bases da Musicoterapia. Essa vertente tem inspiração na filosofia grega, no conceito grego Mousikè, onde a música era parte do conhecimento.
O trabalho da Musicoterapia como área de análise e pesquisa da relação homem/música/saúde, quanto mais próximo estiver da música, mais rico de conteúdo estará. É primordial, assim, compreender os princípios filosóficos envolvidos na definição de música, para se obter uma construção potente e verdadeira da música em Musicoterapia, mostrada pela Filosofia.
Sem deixar de atentar aos aspectos trabalhados na prática terapêutica, como o som não verbal, os ruídos, os instrumentos musicais, outros recursos que possam ser utilizados como a dança e a dramatização, assim como, a relação paciente-terapeuta. Compreender essas questões traz segurança e compreensão da abordagem terapêutica.
A Musicoterapia no Brasil
Tem-se o registro que o primeiro curso de especialização em Musicoterapia no país surgiu em 1970, na Faculdade de Artes do Paraná. Já o primeiro curso de graduação foi criado em 1972, no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro.
Segundo a musicoterapeuta e mestre em música, Clara Márcia Piazzetta, um dos primeiros registros de pesquisa feita no Brasil sobre Musicoterapia, foi realizada por Di Pancaro, no Rio Grande do Sul, em 1975, intitulada “Uma investigação e respostas a um estímulo musical repetido com doentes mentais”.
Nesse mesmo ano, surgiu o trabalho de Maria de Lourdes Vignoli e Olívia Ambrósio da Silva, denominado “Musicoterapia na Comunidade Terapêutica”, que mostrava o trabalho de Musicoterapia realizado em uma Comunidade Terapêutica do Rio de Janeiro. Descrevia os objetivos terapêuticos das intervenções do trabalho musical, além do formato dos grupos, o tempo dedicado à sessão, atividades propostas etc.
Ainda na década de 70, no Paraná, surgiu o trabalho da Professora Clotilde Leinig, uma das precursoras da Musicoterapia no Brasil. Em 1977, lançou o “Tratado de Musicoterapia”, onde mencionava as ações da Musicoterapia nas neuroses e nas psicoses esquizofrênicas e maníaco-depressivas, destacando que a Musicoterapia atingiria a mudança de conduta, na busca da integração social do paciente. E, com os indivíduos psicóticos, o trabalho seria para a sua adaptação à realidade.
Na década de 80, a Musicoterapia avançou na América Latina, graças ao trabalho do médico psiquiatra, psicanalista e musicoterapeuta argentino Dr Rolando Benenzon. Assim como, no Brasil, onde incentivou a abertura de cursos de formação de musicoterapeutas, com a didática fundamentada em seus livros. Benenzon trabalhava com diagnósticos prévios aos tratamentos e sempre considerou a música como potencializadora de catarses, muitas vezes necessárias ao tratamento. Utilizava um modelo de tratamento baseado no conceito de Identidade Sonora (ISO), de Altshuler, e desenvolveu seu trabalho dentro da perspectiva de que o som ou o conjunto de sons e de movimentos internos caracterizavam ou individualizavam cada ser humano.
Entre 1985 e 1988, a musicoterapeuta e pesquisadora Clarice Moura Costa desenvolveu o Projeto de Pesquisa Interdisciplinar de Musicoterapia e Serviço Social, em parceria com a musicoterapeuta Martha Negreiros. Ao longo dessa mesma década, as pesquisadoras publicaram diversos artigos relevantes para a Musicoterapia, relacionados à saúde mental.
Também, é de autoria das musicoterapeutas o trabalho denominado “A importância da linguagem musical para psicótico – abertura de canais de comunicação”, embasado em uma pesquisa realizada por cinco anos em um hospital psiquiátrico. Clarice Costa ainda publicou diversos artigos sobre Musicoterapia para esquizofrênicos. Em 1989, publicou o livro “O Despertar para o Outro”, que trata da Musicoterapia e da Psiquiatria.
Nesse contexto, observou-se que a Musicoterapia psicanalítica prevaleceu na América Latina, porém, existiram outros modelos relevantes mundialmente, no final do século XX.
Em 2001, após ser sancionada a Lei 10216, que trata da proteção e dos direitos dos indivíduos portadores de transtornos mentais, houve um redirecionamento do modelo assistencial em saúde mental. A partir daí, começaram a acontecer, aos poucos, algumas mudanças nas características dos atendimentos nas terapias com músicas.
A doutora em música, professora e musicoterapeuta Lia R. M. Barcellos já vinha pesquisando a Musicoterapia há alguns anos e, em 2004, escreveu um livro relatando a sua prática clínica, focando na estrutura musical, mas sem deixar de lado os aspectos da relação terapêutica. Organizou a Musicoterapia Interativa, onde o terapeuta atua ou interage musicalmente com o paciente, sendo que ambos estão comprometidos no processo de criar a música, permeando aí uma interrelação. Essa troca facilita que a música atinja o paciente, tornando a expressão de seu interior nas ações conjuntas muito mais espontâneas, onde pode-se chegar ao seu mundo interior.
Assim, em seu trabalho a música torna-se um canal de expressão de conteúdos internos. Barcellos busca em seu trabalho com a Musicoterapia escutar os comportamentos humanos, que emergem no fazer musical.
Uma característica desse momento é o crescimento de grupos musicais de usuários de serviços de Saúde Mental.
Trabalhando nessa área de Saúde Mental desde 1995, a musicoterapeuta Raquel Siqueira da Silva defendeu a dissertação de mestrado, em 2007, expondo sua experimentação musicoterápica, que acabou criando o grupo musical Mágicos do Som, com sujeitos que faziam tratamento nos serviços de saúde mental.
Em sua tese de doutorado, em 2012, Raquel Silva discutiu as formações dos grupos musicais dos usuários dos serviços de saúde mental, assim como, as suas funções e reflexos, além de comparar as diferenças desses grupos das redes de Saúde Mental do Brasil e de Portugal. Emergiu a questão da geração de renda dos grupos brasileiros, um fator novo nas pesquisas, que não estava presente nos grupos portugueses. Esse fato, amplificou o poder de voz e decisão desses grupos, com os movimentos da reforma psiquiátrica.
Reflexões sobre a Musicoterapia
Muitas reflexões, pesquisas e mudanças ocorreram a cerca da Musicoterapia nas últimas décadas. No entanto, não há a intenção de esgotar o assunto para os estudiosos. O uso terapêutico da música expande-se dia após dia, sem limites para as áreas de aplicação. A Musicoterapia embasa-se e trabalha com a Ciência, a Arte e a Saúde, sendo que segundo Gubernikoff (2008) apresenta uma força expressiva e de interconexão com a Filosofia.
Nesse sentido, há uma complexidade de pensamento, onde a objetividade e a subjetividade dialogam, como a música conceitual (metafísica da harmonia) e a música em si (o ouvir, a sensibilidade).
Outro fator que fortalece o tratamento musicoterápico é a interdisciplinaridade, que acaba trazendo diversas formas de entender a necessidade do indivíduo, a maneira adequada de proceder no tratamento e de acompanhar o seu progresso. Com as pesquisas e a análise dos trabalhos com a música ao longo dos séculos, foi possível chegar à compreensão da importância do papel da música no cuidado da saúde humana.
Ouvir música não é apenas algo auditivo e emocional, é também motor. Acompanhamos o ritmo da música, involuntariamente, mesmo se não estivermos prestando atenção a ela conscientemente, e nosso rosto e postura espelham a ‘narrativa’ da melodia e os pensamentos e sentimentos que ela provoca.
O professor de Musicoterapia da Temple University, na Pensilvânia, EUA, Dr. Kenneth Bruscia, com o propósito de colaborar com a metodologia da aplicação da prática musicoterápica, identificou seis principais áreas de aplicação da música: didática, médica, de cura, psicoterapêutica, recreativa e ecológica.
Para essas áreas, Dr. Bruscia estabeleceu quatro níveis de prática: primário, auxiliar, aumentativo e intensivo. Isso para nortear o andamento do trabalho dos musicoterapeutas.
O objetivo da Musicoterapia, no campo da medicina, é universal, com contribuição ao desenvolvimento do ser humano como totalidade indivisível e única. (Kenneth Bruscia)
A Musicoterapia apresenta-se com um poder imenso, prático, acessível e atraente para humanizar, prevenir e evitar o surgimento de doenças, além de tratá-las. Porém, tem-se que considerar o grande desafio, ainda, da falta de reconhecimento de alguns setores e regiões do país. É necessário que haja maior divulgação e reconhecimento dos benefícios da aplicação desse método terapêutico, principalmente, para que cursos de graduação e de especialização sejam disponibilizados em todo o território Nacional.
Entendendo a anatomia do cérebro
É necessário entender um pouco sobre a anatomia do cérebro, para vislumbrar como a música tem sua ação nele. O cérebro é bastante complexo, assim, veremos aqui as regiões que sofrem interferência da música.
Quando o indivíduo ouve uma música ou quando toca um instrumento, diversas áreas do cérebro são ativadas e iniciam o seu funcionamento.
A seguir, as áreas relacionadas segundo a interferência musical no cérebro:
- Corpo Caloso (em laranja)
É uma estrutura cerebral de cor branca, que conecta os dois hemisférios (direito e esquerdo) do cérebro humano. É formado por diversos feixes de fibras neurais, que fazem a comunicação entre os dois lados do cérebro. Tem as seguintes funções: transferência de informações entre os dois hemisférios, colaborar na interpretação de informações vindas dos sentidos humanos e, também, auxiliar no processo de análise das informações mentais.
- Córtex sensorial (em vermelho)
Refere-se a uma série de neurônios sensoriais, que são responsáveis pelo processamento das informações sensoriais, como visão, audição e tato, que chegam ao cérebro. Com o contato da música, essa área processa a informação auditiva e controla a resposta tátil quando o sujeito toca algum instrumento ou, então, quando dança.
- Córtex auditivo (em azul)
Localiza-se na região temporal e corresponde ao setor responsável por perceber e absorver os sons e processá-los na mente. Assim, tem a capacidade de perceber as variações de ritmo, tom e melodia.
- Córtex motor (em amarelo)
Área que ocupa o terço anterior dos lobos frontais, que subdivide-se em três setores e está envolvido no processo de resposta tátil, quando existe a exposição à música, ou quando o sujeito toca algum instrumento, ou ainda, executa uma dança.
- Córtex pré-frontal (em verde)
É a parte anterior do lobo frontal do cérebro e está relacionada ao planejamento de comportamentos e pensamentos complexos, expressão da personalidade, tomada de decisões e ajustes de comportamento social. Muitos pesquisadores evidenciam uma relação entre a personalidade de um indivíduo e o córtex pré-frontal e, sabendo que a música ativa de forma intensa essa área cerebral, provavelmente, a música influencia a personalidade da pessoa.
- Córtex visual (em roxo)
Localiza-se no lobo occipital e é responsável pelo processamento de informações visuais. Ao contato com a música essa área torna-se bastante ativa (estudos com máquinas de ressonância magnética).
- Cerebelo (em rosa)
É a parte do cérebro responsável pela manutenção do equilíbrio, pelo controle dos movimentos involuntários, do tônus muscular e dos processos de aprendizagem motora. Nesse contexto, essa área fica muito ativa sob a influência da música, em qualquer modalidade, por requererem o uso de funções motoras.
- Hipocampo (em cinza)
É uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro humano. É a principal sede da memória, como também, um importante componente do sistema límbico e extremamente relevante para a navegação espacial. A interferência da música nessa região do cérebro acarreta o despertar de emoções e memórias profundas.
- Amigdala (em marrom)
Constitui um grupo de neurônios que formam o polo temporal do hemisfério cerebral. Essa região faz parte do sistema límbico e é um importante regulador de alguns tipos de comportamentos ligados às emoções e reações de estímulos. Essa região do cérebro é a mais afetada quando o indivíduo ouve uma música que o toca de forma mais profunda.
Como a música atua no cérebro
A música aproxima e revive emoções intensas e atua no cérebro estimulando todas as regiões mencionadas no ítem anterior.
Isso porque o cérebro tem uma resposta natural ao ouvir uma canção, somando às lembranças que pode trazer, a música emerge como um veículo de tratamento capaz de favorecer uma vida mais saudável.
Estudos recentes sobre os efeitos da música
Apesar das descobertas já realizadas, os cientistas ainda procuram descobrir outros pontos do que realmente acontece com o cérebro humano ao ouvir música e de que forma emergem os potentes efeitos sobre a psique.
Daniel Levitin, norte-americano, psicólogo cognitivo, neurocientista, professor e produtor musical, trabalha com a neurociência da música na Universidade McGill, em Montreal, e disse: “Nós estamos usando a música para entender melhor o funcionamento do cérebro em geral.”
Levitin é autor de “Este é seu cérebro na música: A ciência de uma obsessão humana” (2006). E, também, de “O mundo em seis canções: Como o cérebro musical criou a natureza humana” (2008), ambos tornaram-se best sellers.
Vários estudos sobre os efeitos da música no cérebro humano surgiram nos últimos anos. Um dos estudos descobriu que a dopamina, substância do cérebro ligada ao prazer, age nos indivíduos inclusive antecipando um momento musical, que seja emocionante a eles, causando uma certa excitação.
Daniel Levitin e Mona Lisa Chanda (pesquisadora que atua nas áreas de neuroquímica, dor e psicologia cognitiva) publicaram um artigo no Trends in Cognitive Science, dizendo que é necessário e possível o esclarecimento do emprego da música com fins curativos no ser humano, com as evidentes bases empíricas. Mostraram vários estudos que relacionam a música a processos neuroquímicos específicos no organismo.
Levitin e Chanda fizeram um levantamento classificando quatro áreas onde a música interfere nos processos neurológicos: estresse, com a redução da ansiedade; afiliação social, favorecendo os vínculos sociais; imunidade, com o fortalecimento das defesas do organismo e, motivação, com a gratificação e o prazer. A partir daí, os pesquisadores vincularam essas áreas a quatro neuroquímicos primários, que são: serotonina, cortisol, oxitocina e opióides.
Sintetizando, Levitin afirmou que qualquer neuroquímico poderia ter uma função diferente dependendo de sua área de atuação no cérebro. Um exemplo é a dopamina, que auxilia no aumento da atenção nos lobos frontais, mas no sistema límbico está associada ao prazer.
Há, também, um estudo onde pesquisadores colocaram músicos tocando jazz com seus instrumentos, enquanto os mesmos faziam uma ressonância magnética do cérebro. Puderam observar quais as partes do cérebro acendiam enquanto tocavam a música e notaram quais estavam sendo ativadas. Constataram que essas áreas eram as mesmas que, também, eram ativadas quando um indivíduo estava conversando com outro.
Outros estudos selecionaram pacientes que iriam fazer cirurgia, sendo que um grupo seria exposto a sessões de Musicoterapia e outro grupo tomaria medicamento para ansiedade. Após as observações e testes avaliando a ansiedade e os níveis de cortisol (hormônio do estresse) dos pacientes, constataram que os pacientes expostos à música haviam baixado os seus níveis de cortisol e apresentavam menor ansiedade.
Essas descobertas são muito importantes para o trabalho terapêutico da Musicoterapia, direcionando os objetivos das terapias e da potencialidade de ação da música nas diversas áreas cerebrais, especialmente, em pacientes com doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer.
Levitin ponderou que ainda é necessário fazer mais estudos envolvendo a exposição de pacientes à música. Explicou: “A promessa aqui é que a música é, sem dúvida, menos cara do que as drogas, é melhor para o corpo e não tem efeitos colaterais.”
Há estudos (revista Science), ainda, que podem determinar segundo alguns padrões de atividade cerebral, se uma pessoa gosta ou não do tipo de música que está ouvindo.
A área do cérebro chamada giro temporal superior tem um grande envolvimento na experiência da música e sua conexão com o núcleo accumbers. Dependendo dos gêneros de música que o indivíduo escuta durante a sua vida, vai haver determinado impacto na formação do giro temporal superior. O giro temporal superior não tem a capacidade de prever se uma pessoa gosta de certa música, mas atua no armazenamento de modelos a partir do que o sujeito ouviu anteriormente. É como se o cérebro atuasse como um sistema de recomendação de música.
Levitin e seus colaboradores, ainda, publicaram um outro estudo no European Journal of Neuroscience, explicitando que pode haver mais semelhanças entre os ouvintes de uma determinada música do que alguns acreditam.
Daniel Abrams propôs uma experiência com indivíduos que tinham pouca ou nenhuma formação em música, onde escutaram quatro sinfonias do período barroco, compostas por William Boyce, selecionadas por retratarem a música ocidental e serem desconhecidas dos participantes.
As análises dos indivíduos testados permitiram que os pesquisadores encontrassem uma sincronização em várias áreas importantes do cérebro e, também, padrões de atividades cerebrais semelhantes em sujeitos diferentes e que ouviram a mesma música. Esse fato sugeriu que os participantes perceberam a música da mesma maneira, como também, apesar de todas as diferenças pessoais existentes entre eles, existiu um nível em que compartilharam uma experiência comum.
No momento em que os participantes ouviam as músicas, houve uma ativação de regiões cerebrais relacionadas ao movimento, atenção, memória e planejamento, que são estruturas que não estão relacionadas ao processamento auditivo em si. Assim, concluíram que muitos outros aspectos ocorrem quando um indivíduo escuta uma música, além do processamento de som. A teoria resultante, a partir dessas experiências coordenadas por Abrams, mencionou que essas áreas do cérebro apresentam a função de apreender na mente certas partes de uma canção, por exemplo, a melodia.
Para Levitin, as observações e conclusões espelham o poder da música para unir as pessoas. E isso pode ser percebido, quando observa-se as pessoas indo para locais onde se encontrarão com outras 30 ou 40 mil pessoas para verem um show de música, de um grupo ou artista de sua preferência. Segundo Levitin, “há uma força unificadora que vem da música e não achamos isso em outras coisas.”
Conhecendo melhor como o cérebro é organizado, como funciona, quais mensageiros químicos estão trabalhando e como eles estão trabalhando é o que nos permitirá formular tratamentos para pessoas com lesão cerebral ou combater doenças, distúrbios ou mesmo problemas psiquiátricos. (Levitin)
Benefícios da Musicoterapia
Os benefícios podem ser muitos dessa prática terapêutica. Um fator muito importante, também, é a sensibilidade do terapeuta nas questões envolvidas e, sobretudo, a relação criada com o seu paciente.
Outro ponto a destacar, é a parceria e interdisciplinaridade entre as áreas de tratamento, como a fonoaudiologia, a psicologia, a psiquiatria, a fisioterapia, a psicopedagogia, a terapia ocupacional, entre outras.
Citando alguns dos muitos benefícios da Musicoterapia:
Resultados da Musicoterapia no tratamento de doenças
A música é muito efetiva no tratamento de vítimas de AVC, pelo fato de ser capaz de despertar emoções e estimular as interações sociais, favorecendo a recuperação do doente.
É bastante eficiente ao ativar diversas áreas do cérebro, inclusive, as responsáveis pela emoção, sendo um excelente recurso terapêutico para o tratamento de Demência, comum em doenças como o Mal de Alzheimer e em outras doenças neurodegenerativas. Ao ouvir a música, o paciente ativa padrões neuronais sem estímulos, “despertando” as sinapses e melhorando a performance do indivíduo nas redes de comunicação.
Há estudos e aplicações da Musicoterapia em pacientes com amnésia, onde os sintomas são amenizados com o tratamento terapêutico, seja tocando algum instrumento, ou mesmo, apenas ouvindo uma canção.
Existe uma técnica muito utilizada por musicoterapeutas e por fonoaudiólogos, a Terapia da Entonação Melódica, que auxilia pessoas com distúrbios de comunicação, como a afasia, por exemplo, devido a alguma lesão no hemisfério esquerdo do cérebro. Essa técnica procura envolver habilidades de canto, para estimular as regiões não afetadas do hemisfério direito de forma a “aprenderem” a falar. Nesse sentido, frases comuns são transformadas em frases melódicas, onde o paciente, no início, inicia cantando as frases (entonação diferente da fala) e, aos poucos, vai reaprendendo a entonação habitual e os padrões rítmicos comuns da fala de seu dia a dia.
Em casos de Autismo (Transtorno do Espectro Autista), onde o transtorno causa problemas no desenvolvimento da linguagem, na interação, nos processos de comunicação e no comportamento social da criança, a Musicoterapia é bastante benéfica. O musicoterapeuta utiliza instrumentos para incentivar a comunicação e a autoexpressão da criança, fazendo com que ela se expresse através da música, amenizando os problemas de relação e trazendo uma melhor qualidade de vida ao paciente.
A Musicoterapia é uma prática que tem sido expandida em várias áreas de atuação e muito usada em escolas, clínicas de reabilitação, hospitais e lar de idosos, além de pessoas com necessidades especiais.
Pode ser utilizada, também, com grande eficácia durante a gravidez, para acalmar os bebês e na terceira idade, sempre de forma a ser orientada por um musicoterapeuta.
Indicação da Musicoterapia
A Musicoterapia é muito usada na psiquiatria e na saúde mental acompanhando o tratamento de diversos distúrbios, assim como, nos transtornos de déficit de atenção e hiperatividade, além do autismo. Há indicação para a reabilitação motora e de disfunções neurológicas, como também, para o tratamento de diversas síndromes, com resultados muito satisfatórios.
A música traz alegria e descontração, colaborando muito no acompanhamento de pessoas com Mal de Alzheimer e Parkinson, além de outras disfunções causadas pelo envelhecimento.
A terapia com música é indicada para várias doenças graves, ou em fase terminal; também, em casos de abuso de substâncias químicas, lesões cerebrais, deficiências físicas, doenças que resultam em dores agudas e crônicas, pré e pós-cirúrgicos, assim como, pré e pós-natal.
Há, ainda, a procura da Musicoterapia por jovens e adultos, sem nenhuma indicação médica, ou qualquer distúrbio, mas que querem conhecer e usufruir dos benefícios da técnica, com o objetivo de diminuir o estresse, a ansiedade ou a depressão.
Na maioria dos casos, as trabalhos musicais aplicados por um musicoterapeuta não apresentam restrições e são bastante abrangentes e flexíveis, podendo existir todos os tipos de manifestações musicais.
Técnicas e abordagens no trabalho de Musicoterapia
Geralmente, o paciente é encaminhado por um médico ou outros profissional da área da saúde (ou mesmo um professor e pedagogo conhecedores do trabalho), já diagnosticado, com exames complementares e, normalmente, inserido em uma equipe multidisciplinar.
Em seguida, é feita a anamnese e o paciente é avaliado pelo musicoterapeuta. É importante, também, saber um pouco do mundo sonoro do paciente, o que facilita o planejamento do trabalho a ser feito. Depois, se possível, é feita uma observação prática do indivíduo com instrumentos musicais, alguns trechos de músicas, jogos com ritmos e rimas etc.
Apenas após essas checagens, é que se verifica se a Musicoterapia é indicada para aquele sujeito e qual será o procedimento do trabalho a ser desenvolvido.
O trabalho pode ser com o paciente passivo, dependendo do caso, ou ativo, onde participa de todas as atividades e dinâmicas propostas.
A música é algo dinâmico e atua diretamente nas emoções, podendo suscitar diferentes formas de reações em diferentes indivíduos, com a mesma canção.
Algumas técnicas e abordagens empregadas:
Nesse contexto, insere-se a Musicoterapia comunitária ou social, que pretende empoderar grupos e favorecer a participação e a troca de experiências entre os pacientes. Isso possibilita a organização e a realização dos enfrentamentos necessários, para ampliar a vida social e adquirir uma saúde mais equilibrada.
Os Musicoterapeutas e suas ações
O profissional musicoterapeuta para atuar profissionalmente precisa cursar uma graduação ou pós-graduação em Musicoterapia, sendo que sua atuação pode dar-se na área da saúde, da educação e social.
Hoje em dia, a Musicoterapia é uma prática bastante utilizada e, por se tratar de um campo entre saúde e arte, os musicoterapeutas, em sua maioria, recebem formação em cursos superiores oferecidos em escolas de arte, pelo fato de que para praticar a profissão é necessário ter domínio avançado de instrumentos musicais, como violão e piano.
Os musicoterapeutas atuam com ampla variedade de situações, com os indivíduos e/ou grupos encaminhados para o tratamento e apoio biopsicossocial e espiritual.
Através de observações e uma anamnese, avaliam o bem estar emocional dos pacientes, sua saúde física, as habilidades de comunicação, como é sua interação social, suas habilidades cognitivas e toda qualquer informação significativa.
Após a avaliação propriamente dita, o musicoterapeuta organiza os dados e parte para o planejamento do trabalho terapêutico e de quais recursos irá utilizar para certo paciente, de acordo com suas necessidades.
Na maioria das vezes, o profissional utiliza músicas e áudios criados de acordo com o que aquele paciente precisa, improvisação musical, canção escrita, inserção lírica, imagens e canções relacionadas ao tema escolhido, técnicas de escuta e exercícios de aprendizagem através da música, entre outros.
Os musicoterapeutas podem atuar em institutos de reabilitação, clínicas, hospitais psiquiátricos, ambulatórios, centros de saúde mental da comunidade, centros de tratamento de creches, programas de drogas e álcool, centro de idosos, institutos que atendem indivíduos com problemas de desenvolvimento, institutos de reabilitação de conduta, escolas, clínicas privadas, lares e residências, entre outros.
A Musicoterapia é oferecida de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde), desde janeiro de 2017. A incorporação da prática tem o objetivo de oferecer um tratamento mais humanizado aos indivíduos, sendo que, o Ministério da Saúde, também, passou a oferecer tratamentos com diversas outras terapias como Meditação, Quiropraxia, Arteterapia, Reiki entre outras.
No Brasil, em 15 de setembro é comemorado o Dia do Musicoterapeuta.
Musicoterapia é a utilização estruturada da música como processo criativo para desenvolver e manter o máximo potencial humano.
Musicoterapia é a utilização planejada da música para apoiar necessidades identificadas em que há disfunções físicas, intelectuais, sociais ou emocionais… A musicoterapia é baseada na humanidade d a música, envolvendo o corpo, a mente e o espírito. A musicoterapia é uma ponte para a comunicação. (Bruscia)
Fontes e Referências