O que é autoestima, afinal?
Há diversas opiniões sobre o que é ou determina a autoestima de uma pessoa. Relaciona-se com o gostar de si mesmo, ter uma opinião positiva de si, ter uma boa imagem de si, ser confiante, acreditar em sua capacidade entre outras coisas. Existe aqui similaridade com os conceitos de amor-próprio, auto-imagem, auto-conceito e auto-confiança. Porém, são aspectos distintos.
É mais complexo do que apenas um sentimento em relação a nós mesmos. Envolve, também, pensamentos e comportamentos próprios.
Pesquisadores e estudiosos do assunto indicam que a autoestima é influenciada pelos acontecimentos presentes na infância do indivíduo. Dizem que o processo se inicia por volta dos cinco ou seis anos de idade, sendo que não é estático, pois depende muito das devolutivas (positivas ou negativas) que se apresentam para as crianças.
Segundo Coopersmith, estudioso da personalidade humana, que realizou um amplo estudo sobre a autoestima, existem alguns elementos importantes para a construção da mesma, como:
- “O valor que a criança percebe dos outros em direção a si, expresso em afeto, elogios e atenção;
- a experiência da criança com sucessos ou fracassos;
- a definição individual da criança de sucesso e fracasso, as aspirações e exigências que a pessoa coloca a si mesma para determinar o que constitui sucesso;
- e, a forma da criança reagir a críticas ou comentários negativos.”
Como surge a baixa-autoestima?
Agora, de uma maneira geral, pode-se apontar situações que podem fazer emergir ou alimentar uma baixa-autoestima, como: rejeição, humilhação, crítica, desvalorização, abandono, perdas, entre outras.
Essa percepção negativa de si mesmo pode advir de interações sociais, seja na família, na escola, no trabalho etc. Ocorre da pessoa vivenciar situações onde é colocada em uma posição onde vai sentir-se inferiorizada, de não ser merecedora, de menos valia e assim por diante.
As crianças desenvolvem a preocupação de tornarem-se boas ou más, espertas ou estúpidas, amáveis ou ríspidas etc. Vão formando sua auto-imagem, fortemente, baseadas em como são tratadas pelos pais, avós, amigos, professores entre outros. A partir disso, os seus comportamentos também sofrerão influência desses relacionamentos e experiências.
Para grande parte dos autores, a autoestima e a auto-imagem estão relacionadas com o bem-estar de uma pessoa consigo mesma.
Segundo Rosenberg, “autoestima é um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo sobre seu próprio valor, competência e adequação, que se reflete em uma atitude positiva ou negativa em relação a si mesmo.” Dizem que é o amor que as pessoas sentem por elas mesmas.
De uma forma geral, para muitos autores, a autoestima está relacionada a aspectos de avaliação que o próprio indivíduo formula sobre ele mesmo, baseado em suas capacidades e desempenhos, suas habilidades e noção de si mesmo.
Segundo Mosquera e Stobäus, a autoestima é o conjunto de atitudes que cada pessoa tem sobre si mesma, caracterizando uma percepção avaliativa de si própria, baseada nas ideias que apresenta de si mesma, que podem ser positivas ou negativas. E encontra-se em movimento, apresentando altos e baixos, ao emergir nos relacionamentos e acontecimentos sociais.
O termo auto-imagem indica a forma como o indivíduo se enxerga, seja quanto à aparência física, seu status social, ou ambos.
A auto-imagem surge na interação da pessoa com seu contexto social, consequência de relações estabelecidas com os outros e para consigo mesmo. (Mosquera e Stobäus)
A estabilidade desses aspectos, de forma a que o sujeito sinta-se bem consigo mesmo, reflete em bons relacionamentos pessoais e profissionais, assim como, em desempenhos positivos em suas atividades nas diversas áreas da vida.
Tudo isso desencadeia uma interferência negativa na qualidade de vida da pessoa.
É fundamental que familiares e amigos estejam prontos para dar apoio à pessoa com essas questões distorcidas.
Tudo o que você precisa você já tem. Você já é completo, você é inteiro, uma pessoa total, não um aprendiz a caminho de algum outro lugar. (Wayne Walter Dyer)
Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação, conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho. (Dalai Lama)
Principais características da autoestima
- Trata-se de um sentimento aprendido e desenvolvido ao longo da vida da pessoa;
- Resulta de todo o reforço positivo social aos comportamentos do indivíduo;
- Baseia-se em um conjunto de crenças, percepções, avaliações e pensamentos que a pessoa tem sobre ela mesma, de acordo com suas experiências;
- Ocorre através de relações interpessoais, onde a própria pessoa é reconhecida como reforçadora, não só os seus comportamentos;
- É um sentimento que passa a ser mantido e desenvolvido pela própria pessoa, ao aprender com o outro o auto-reconhecimento e ao ver os seus comportamentos sendo reforçados positivamente;
- É um sentimento que se desenvolve quando os pais priorizam o filho e não os comportamentos dele; independentemente, desses comportamentos terem um reforço positivo ou não;
- A autoestima se desenvolve a partir de situações sociais reforçadoras positivas harmônicas, sendo que punições ou atitudes coercitivas não colaboram para isso;
- Possibilita a pessoa sentir-se amada, aceita, podendo expor sua criatividade e iniciativas, diante dos reforços positivos dos pais e familiares.
- Entre outros.
É muito importante que a pessoa sinta-se amada pelo outro, pois assim, aprenderá a amar a si mesma. Emergirá o auto-reconhecimento e a diferenciação de outras pessoas, o que trará mais independência a ela.
A pessoa com boa autoestima, então, aprende a exercitar o auto-reconhecimento, com situações reforçadoras dela mesma.
Possíveis sinais de problemas com a autoestima
- Falta de confiança em si mesmo;
- Medo de expressar suas opiniões, desejos e sentimentos, e ser rejeitado;
- Não se sente feliz;
- Não se sente digno das coisas boas da vida;
- Necessita o tempo todo de aprovação do outro;
- Não consegue tomar iniciativas;
- Na maior parte das vezes, não está feliz com o que faz, achando que poderia ter feito melhor;
- Enxerga superioridade nos outros, menosprezando a si mesmo, ou querendo ser como o outro;
- Apresenta dificuldade em dizer “não”;
- Sente-se tenso na maior parte do tempo;
- Não consegue colocar limites;
- Foca em suas fraquezas, esquecendo de ver quais são as suas forças;
- Tem a sensação que os outros o avaliam o tempo todo em situações sociais;
- Apresenta, frequentemente, o sentimento de culpa;
- Não se sente atraente ou bonito;
- Muitas vezes, inveja a vida do outro;
- Acha difícil contribuir com o outro ou em alguma experiência;
- Entre outros.
Como aumentar a autoestima
Primeiramente, vamos listar as orientações do pesquisador Coopersmith, que direcionam-se a crianças e pais:
- Aceitação total de seus pensamentos, sentimentos e valores pessoais;
- Deixar os limites claramente definidos para as crianças, desde que sejam justos e não opressores;
- Os pais não devem usar de autoritarismo e violência para controlar e manipular a criança, como também, não devem humilhar ou ridicularizá-la;
- Os pais precisam ter um alto nível de autoestima, já que são os exemplos vivos para seus filhos aprenderem.
Agora, vamos às dicas para elevar a autoestima, que são direcionadas a todos:
- Procurar o autoconhecimento, pois favorece o entendimento e a identificação dos sentimentos e emoções, positivas e negativas, que você sente;
- Gostar de si mesmo totalmente, reconhecendo todos os aspectos bons e não tão bons que fazem parte de você, ou seja, ser quem você é;
- Valorizar-se sempre, como se você desse uma nota numérica para si mesmo, diante das tarefas e atividades que executa, seja no trabalho, na vida pessoal, com os familiares e amigos etc;
- Não exigir de você a perfeição, porque ninguém é perfeito;
- Respeitar e colocar a sua vontade, porque o sentimento de liberdade vai lhe fazer bem, assim como, deixará a outra pessoa livre também para colocar as vontades dela;
- Buscar o autoconhecimento e o reconhecimento do outro, assim como, identificar as suas qualidades, não apenas os seus defeitos, realçando as características positivas para lhe impulsionar às ações;
- Dedicar-se a atividades prazerosas onde o seu desempenho possa ser valorizado, o que irá lhe fortalecer;
- Desenvolver a autoconfiança, executando aquilo a que se propôs, seja qual for a tarefa, de modo que lhe favoreça a autoestima e lhe traga confiança;
- Acreditar em si mesmo, sabendo onde quer chegar, qual é o seu propósito e que vai chegar lá;
- Ampliar a autodeterminação, fazendo um planejamento, organizando-se de forma a seguí-lo com disciplina até concluir ao que se determinou, de forma a lhe trazer força, bem-estar e alegria;
- Parar de se depreciar, de não se respeitar e de não se dar a devida importância;
- Pensar de forma positiva enxergando o bom de toda e qualquer situação, mesmo a não tão agradáveis, porque em todas as dificuldades, os desafios se apresentam para nos ensinar algo;
- Deixar de se comparar com os outros e ser você mesmo, acreditando nas suas potencialidades;
- Definir metas realistas para que lhe cause ansiedade e sentimento de não capacidade;
- Cuidar de sua aparência, para que se sinta bem com você mesmo, para que goste de você e transmita esse sentimento aos outros;
- Apresentar-se com uma postura ereta e confiante, olhar as pessoas nos olhos e projetar sua voz de modo que todos o entendam;
- Perdoar-se de qualquer sentimento ou atitude que possa estar lhe impedindo de viver quem você é e de ser feliz em sua totalidade;
- Lembrar-se que você é a pessoa mais importante no mundo!
Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz, você precisa aprender a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. (Mário Quintana)
E a autoconfiança?
Também, relaciona-se em como vai resolver seus problemas e superar suas dificuldades.
O sentimento de autoconfiança desenvolve-se a partir de situações e experiências onde a criança tem a possibilidade de produzir um comportamento, com consequências positivas e fortalecedoras para determinado ambiente.
Quando recebe um reforço positivo, aprende a tomar iniciativas, a resolver problemas, a ter persistência diante de tentativas não tão bem sucedidas, vai tornando-se independente dos outros, fortalecendo os sentimento de segurança, de satisfação, de coragem entre outros.
Quando a criança é impedida de emitir comportamentos e ações, há a privação de reforços positivos, ocasionando déficits de comportamentos verbais e motores, fazendo com que a criança deixe de aprender a tomar iniciativas e resolver problemas. Ela, então, começa a desistir facilmente diante dos fracassos, esperando sempre que os outros façam por ela, criando uma dependência e desenvolvendo sentimentos de insegurança, medo, ansiedade etc.
E, assim, o desenvolvimento e amadurecimento emocional da criança vai sendo moldado com essas nuances e crenças que foram enraizadas desde a infância.
Não se pode ficar preso às possibilidades de fracasso em alguma situação ou aspecto da vida, isso porque, acaba fornecendo somente uma perspectiva negativa em relação às próprias capacidades.
É preciso desenvolver um estado mental baseado em pensamentos positivos.
Segundo pesquisas, no Brasil, 60% da população apresenta baixa autoconfiança.
A confiança em si próprio é o primeiro segredo do êxito. (Ralph Waldo Emerson)
Principais características da autoconfiança
- É um sentimento que precisa ser cuidado e nutrido como uma planta;
- Relaciona-se às habilidades e capacidade de desenvolver os seus talentos;
- Desenvolve-se a partir de experiências onde há o reforço positivo nas ações e comportamentos;
- Exige que se ultrapasse barreiras, como a presença de crenças limitantes, que minam sua capacidade e potencialidade;
- Trabalhar os comportamentos não bons, que podem se tornar hábitos ruins e prejudiciais à vida da pessoa;
- Trabalhar a auto aceitação, reconhecendo os próprios limites, os pontos fortes e fracos, para sustentar a segurança nas ações;
- O autoconhecimento evita a autossabotagem;
- Tomar as rédeas da própria vida, trazendo a potência de seu poder pessoal;
- Trazer o equilíbrio que favorece a autoconfiança;
- Transpor essa autoconfiança para o exterior também, demonstrando uma imagem de confiabilidade às pessoas.
- Entre outros.
Como elevar a autoconfiança
Para elevar a autoconfiança é necessário um certo trabalho, incluindo a aceitação.
É agir dia após dia para conseguir a mudança desejada, mudando posturas, fazendo transformações para melhor e tendo ações que favoreçam alcançar as metas estabelecidas.
É assumir o compromisso de desenvolver, de verdade, a autoconfiança.
Seguem algumas dicas importantes para isso:
- Reconhecer suas qualidades boas e não tão boas, quais os seus melhores atributos e explorar o que você tiver de melhor;
- Transformar tudo o que você determinar como negativo em algo positivo para favorecer o seu processo (“eu sou capaz…”, “eu posso fazer…”, “eu realizo…”, “eu consigo…” etc);
- Acreditar em si mesmo como um ser único e original, inclusive, com o seu auto-reconhecimento;
- Não se comparar com ninguém, cada um é o que é, a sua maneira;
- Empregar a sua energia no desenvolvimento de suas habilidades e talentos, executando aquilo que lhe dá prazer e alegria;
- Apostar em tudo o que lhe motivar positivamente e lhe fizer bem;
- Não se lamentar ou reclamar de algo, o que é um desperdício de energia, e você acaba enviando uma mensagem equivocada para o Universo, que é querer mais do mesmo (do que estiver reclamando);
- Fortalecer os seus pontos fortes, onde você pode fazer uma lista com todos os seus pontos positivos, de modo a consultá-la diariamente, e agir sempre baseado no que lhe fortalece e lhe faça bem;
- Utilizar suas melhores habilidades em todas as áreas de sua vida;
- Ficar ao lado das pessoas que lhe colocam para cima e colaboram para elevar a sua autoconfiança;
- Afastar qualquer dor do passado que possa lhe afetar negativamente, aceitando, reverenciando, perdoando-se e agradecendo cada situação e desafio pela qual passou, pois são os instrumentos que lhe dão força e confiança;
- Ter coragem de sair da zona de conforto, arriscando, encorajando-se, conhecendo-se melhor, explorando as suas verdadeiras habilidades e superando essa barreira colocada por você mesmo, sem medo;
- Reconhecer-se e ultrapassar os seus próprios limites e crenças que possam estar lhe impedindo de avançar;
- Tomar as rédeas de sua própria vida, trabalhando para aumentar o seu poder pessoal;
- Cumprir os seus propósitos e metas quando os planejar;
- Agradecer a tudo o que já obteve, ao que está conseguindo atualmente e, sobretudo, agradecer ao que ainda não conquistou mas tem como meta.
Assim que você confiar em si mesmo, você saberá como viver. (Johan Wolfgang Von Goethe)
A autoestima e a autoconfiança devem ser praticadas diariamente, tal qual um esporte para que haja um condicionamento e equilíbrio em tudo que fazemos. (Luis Alves, Personal Coach)