Ayurveda preconiza uma rotina de vida mais saudável e feliz, em harmonia com as leis da natureza, visando preservar o perfeito equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Desse modo, consegue evitar todo o tipo de doença, em uma sabedoria onde a saúde é um estado de completude.
O que é Ayurveda?
Ayurveda, em sânscrito significa “Ciência da Vida”, é uma sabedoria indiana que corresponde a um dos sistemas de saúde mais antigos da história da humanidade. A análise da palavra por partes explicita o seguinte: Veda significa conhecimento, ciência ou sabedoria e Ayus significa vida.
Ayurveda é o conhecimento, a ciência ou a sabedoria que preconiza uma rotina de vida mais saudável e feliz, em harmonia com as leis da natureza, de forma a preservar o perfeito equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Desse modo, conseguindo evitar, também, todo o tipo de doença. Nessa sabedoria indiana, a saúde é um estado de completude.
A ciência Ayurveda abrange toda a vida no planeta, indo da vida humana, vegetal e animal, ou seja, contempla todas as formas de manifestação de vida, que concede orientações de como viver bem e de forma saudável.
Nesse contexto, esse sistema, provavelmente, foi o primeiro a registrar uma abordagem de fundamentação ecológica inclusive trazendo uma forma de convivência absolutamente pacífica e saudável entre todos os seres existentes.
Hoje em dia, existe um olhar para a Índia, que faz com que as pessoas associem o conhecimento da Ayurveda à religiosidade Hindu, porém, na realidade, essa filosofia não tem essa conexão obrigatória com a questão da fé. É quase que uma poesia contemplativa da vida, que relaciona a essência da vitalidade, de força e de brilho desse sistema, onde retrata o macro e o microcosmo, atentando para uma questão mais sutil do ser humano.
O Ayurveda é aquilo que trata do que é bom e do que é ruim, de uma vida de felicidade e de infelicidade, do que promove o desenvolvimento e do que não promove, da medida exata das coisas e da natureza. (Charaka Samhita)
História da Ayurveda
O Ayurveda é uma filosofia médica oriental desenvolvida há cerca de 5 mil anos, pela civilização do Vale do Indo, na Índia, também, no território onde fica o Paquistão. Não havia a divisão geopolítica que há hoje, assim, naturalmente, os povos vizinhos foram influenciados pelo magnífico modelo da sabedoria ayurveda, como os Nepaleses, Butaneses, Tibetanos, Chineses, assim como, os árabes e os gregos.
Sabe-se que monges budistas guardaram material escrito com os fundamentos dessa tradição médica e filosófica, onde há o registro de que a sabedoria ayurveda veio dos rishis, que eram profetas iluminados que viviam nas regiões mais escondidas do Himalaia, no norte da Índia, por volta de 3000 a.C.
Tudo o que dizia respeito ao conhecimento da filosofia ayurveda, associada a outras práticas como yoga e meditação, era restrito aos mestres, que compartilhavam com seus discípulos de forma oral.
Mais tarde, suas regras e princípios foram registrados em sânscrito nos Vedas, que é uma coleção de quatro obras que embasa todo o sistema de escrituras sagradas do hinduísmo.
Estudiosos dizem que esses textos foram escritos entre 2000 e 1500 a.C., sendo assim, considerados a literatura de língua indo-europeia mais antiga já existente. Incorporam todo o conhecimento histórico, filosófico e médico daquela época, fundamentando a religião hindu e a cultura indiana. A documentação formal dos Vedas foi feita, em grande parte, por Vyasa Krishna Dwaipayana, na época do Senhor Krishna (1500 a.C.).
São eles:
- Rigveda (o livro do mantra)
Apresenta hinos compostos em forma poética para a recitação em rituais místicos, de sacrifícios.
- Yajurveda (o livro do ritual)
São hinos em prosa para recitação em voz baixa durante os rituais místicos.
- Sâmaveda (o livro da canção)
Contam com versos para serem cantados, em grande parte do Rigveda.
- Atharvaveda (o livro de feitiços)
Este foi escrito mais tarde por brâmanes, a casta que detém o conhecimento cultural e religioso, e que se mudaram para as florestas e fundaram um movimento chamado Aranyaka, onde há menção de fórmulas e a utilização de plantas como forma de cura.
A primeira escola médica ayurvédica é de, aproximadamente, 800 a.C. (entre os séculos IX e VIII a.C.), onde o sábio Punarvasu Atreya e seus discípulos fizeram alguns tratados que, muito mais tarde, induziram o erudito Charaka a escrever por volta do século III a.C. textos reunindo as características de mais de 1500 plantas e as inestimáveis propriedades terapêuticas de cerca de 350 espécies, denominada Charaka Samhita. Essa obra é ainda hoje de extrema importância como fonte da Ayurveda.
A segunda obra mais conhecida foi escrita por volta do século VI a.C. É o Sushruta Samhita, que influenciou a cirurgia moderna e, ainda hoje, consegue servir de referência para alguns profissionais da saúde.
Uma transformação social ocasionada por invasões e guerras no século V a.C., fez com que a medicina acabasse se distanciando da tradição ritualística.
Depois, na era cristã, entre V e VI d.C. foi escrito o Astanga Hrdayam, que reproduziu textos anteriores, com adaptação à linguagem da época. Esse trabalho foi preparado a partir dos oito ramos da Medicina Ayurvédica e foi escrito pelo médico Vagbhata, filho de Simhagupta, que também era médico e neto de outro grande médico com o mesmo nome. Vagbhata estudou medicina com seu pai e, depois, com um monge budista.
Essas obras clássicas, os três tratados citados, são denominados o Grande Trio (Brihat Trayi).
Muitos povos e religiões foram influenciados pelos princípios ayurvédicos. Monges budistas disseminaram a prática no Oriente, uma vez que o chamado Buda Supremo , Siddhartha Gautama (563-483 a.C.) seguia os princípios da Ayurveda. Desse modo, acabaram influenciando os sistemas de medicina chinês, tibetano e islâmico. Estudiosos confirmam o intercâmbio de informações de práticas curativas entre os povos, sendo que monges budistas aplicavam e ensinavam acupuntura nos mosteiros. A partir daí, o conhecimento da Medicina Ayurvédica foi levado pelos comerciantes árabes aos povos gregos e romanos, determinando assim, a base da medicina europeia.
Após muitas batalhas e guerras, na tentativa de destruição da cultura indiana, por volta de 16 d.C., a ciência indiana é resgatada pelo Imperador mongol Akbar, que ordenou sua reprodução e permitiu que fosse, assim, preservada.
No entanto, a sabedoria milenar indiana continuou encontrando vários contratempos em seu caminho. Entre os séculos X e XII d.C., após invasões dos muçulmanos ao norte da Índia, a Ayurveda foi ameaçada, quando esse povo impôs o sistema médico deles. Alguns textos foram guardados por monges que fugiram para o Tibet e Nepal.
No século XIX, com a ocupação da Índia pelos ingleses, todas as escolas de Ayurveda foram fechadas e sua prática proibida no país. O resgate desse conhecimento e de toda sua filosofia foi encorajado pelo grande líder pacifista Mahatma Gandhi (1869-1948), através do movimento nacionalista indiano, que ocorreu em meados do século XX.
No ocidente, a Ayurveda foi expandindo seus conhecimentos e tornou-se mais popular desde que Vasant Lad fundou o Instituto Ayurvédico nos EUA, em 1984. Assim como, quando o endocrinologista e escritor Deepak Chopra e outros pesquisadores começaram a divulgar o tratamento alopata combinado com os conceitos indianos. Hoje já existem dezenas de livros falando sobre a Medicina Ayurvédica e ensinando receitas de chás, medicamentos, óleos, culinária etc, e que vem atraindo mais adeptos.
Existem mais de 400 mil médicos ayurvédicos atendendo na Índia. E, também, a única instituição universitária ayurvédica do mundo, a Universidade de Ayurveda Gujarat.
O uso excessivo, o não uso e o mau uso do tempo, da inteligência e dos objetos dos sentidos é a tripla causa das doenças psíquicas e físicas. (Charaka Samhita)
História da Ayurveda no Brasil
No mundo ocidental, a Ayurveda é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma terapia.
No Brasil, o método foi introduzido através da troca de informações de profissionais brasileiros e indianos, com o intuito de conhecerem mais sobre o sistema de saúde pública de cada país. Assim, verificaram as dificuldades e as semelhanças quanto à estrutura, ao saneamento, à formação profissional etc. A partir daí, o método passou a ser oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde o final dos anos 80.
Nessa época, ocorreram intercâmbios entre as secretarias de saúde de alguns estados, como Goiás e Rio de Janeiro. E o Hospital de Medicina Alternativa em Goiânia foi o primeiro a utilizar plantas medicinais brasileiras nos tratamentos, seguindo os princípios ayurvédicos.
A literatura indiana trouxe muitos conhecimentos da Medicina Ayurvédica a princípio a professores e curiosos, dentro da tradição da yoga e de toda a história e filosofia indiana.
Vários cursos livres sobre o método começaram a ser estruturados para expandir o conhecimento, principalmente, após o sistema mostrar-se bastante eficaz nos resultados de tratamentos.
Em 2011, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) passou a ensinar o conhecimento do Ayurveda em um curso de pós-graduação, o que fez crescer enormemente o número de filiados à Associação Brasileira de Ayurveda (ABRA).
Objetivo da Terapia Indiana
A terapia ayurveda tem como objetivos principais tratar e prevenir doenças.
Nesse sentido, o terapeuta trabalha com o foco no cuidado diário com o paciente, para impedir que o desequilíbrio se instale, evitando que as doenças se manifestem no organismo do mesmo.
A terapia ayurvédica propicia diferentes caminhos para chegar a esses objetivos, como o cuidado com a alimentação, com o estilo de vida, com a qualidade do sono, a tranquilidade e o trato com as relações. Nesse sentido, o bem estar geral é primordial para atingir o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Isso possibilita o tratamento e a prevenção dos mais diversos problemas de saúde.
A Ayurveda não foca nos sintomas, mas sim, nas causas. Existe a possibilidade, também, de associar problemas de saúde com determinados desequilíbrios entre os doshas.
Conceito de Dosha
Dosha em sânscrito significa desequilíbrio e corresponde ao biotipo ayurvédico ou tipo metabólico de cada indivíduo. Ou seja, é um perfil que classifica as pessoas de acordo com a personalidade, o funcionamento do organismo , suas características e necessidades, ou seja, a relação que a pessoa tem com o mundo externo.
Definir o tipo metabólico é o primeiro passo para conhecer as necessidades e os hábitos alimentares, atividades físicas e outros fatores que poderão trazer equilíbrio, bem estar e o provável restabelecimento da saúde plena do sujeito em questão.
De acordo com a sabedoria ayurvédica, divide-se os indivíduos em três grandes grupos, dependendo das características físicas e psicológicas: Vata, Pitta e Kapha. Esses são responsáveis por todas as funções do organismo, sendo que a proporção de cada um deles varia conforme a pessoa. Este conceito é denominado de Teoria Tri-Dosha ou Teoria dos Doshas e fundamenta todas as práticas terapêuticas e estudos da Medicina Ayurvédica.
Assim, é primordial que o terapeuta faça a mensuração de quanto o paciente apresenta de cada dosha, para que a partir desse diagnóstico, possa direcionar o tratamento mais adequado a fim de atingir o equilíbrio relativo a sua essência.
A essa constituição ou natureza ou matéria primordial dá-se o nome de prakriti ou prakruti (exclusiva e imutável como o DNA). É a mãe divina da Criação. O Universo é formado da união de prakriti com purusha, originando toda e qualquer matéria do mundo físico.
Nesse sentido, é em relação ao prakriti que todas as características físicas, psíquicas e espirituais do indivíduo se revelam, da mesma forma que a predisposição a determinadas disfunções de saúde.
Normalmente, existe a predominância de um ou dois doshas. E, também, há a proporção possível de ser modificada, dependendo do estilo de vida, rotina, profissão e alimentação da pessoa. Essa constituição do(s) dosha(s) da pessoa é chamada de Vikriti (desequilíbrio dos doshas de uma pessoa) e, quando se distancia do Prakriti adquirindo uma configuração instantânea diferente, o organismo humano entra em desarmonia.
Já, quando os doshas permanecem nas proporções relativas às do nascimento, o organismo preserva a saúde e o bem estar. Esse é o ponto do equilíbrio.
Para manter o equilíbrio, é preciso potencializar as características positivas do dosha contrário ao seu.
Doshas: Os 3 perfis e seus elementos
VATA
Ar e éter compõem a estrutura dos indivíduos Vata.
Vata rege os movimentos e é responsável por mecanismos corporais básicos, como divisão celular, respiração e circulação.
PITTA
Fogo e água compõem o indivíduo Pitta.
Pitta controla os hormônios e o sistema digestivo.
KAPHA
Terra e água compõem Kapha.
Kapha concede força e aumenta a imunidade.
Mas, há a possibilidade dos doshas principais combinarem-se formando sete sub-biotipos, que são: Vata-Pitta, Vata-Kapha, Pitta-Vata, Pitta-Kapha, Kapha-Vata, Kapha-Pitta e Vata-Pitta-Kapha.
O corpo e a mente são a sede das doenças e dos prazeres. O uso equilibrado é causa dos prazeres. (Charaka Samhita)
Conexão com o Universo – Ayurveda e os 5 elementos
Os princípios da Ayurveda explicitam que existe íntima relação entre o microcosmo do interior do homem e o macrocosmo do mundo material (Universo).
Aqui há um espelhamento entre ambos e são formados de consciência pura, denominada purusha na filosofia indiana. É o Pai da Criação. É constituído de energia pura, passiva, não manifesta, a verdade, o estado transcendental do ser e existir, o poder curativo. Não tem cor, nem forma e não exerce parte ativa na criação do Universo.
Sendo prakriti a mãe da Criação, a primeira união entre prakriti e purusha origina mahad. Mahad é a inteligência suprema que antecede o surgimento do “eu”. Representa o filho da Criação. Como uma inteligência coletiva, manifesta-se em cada célula que constitui o organismo.
Posteriormente, de mahad surge ahamkara, que constitui o princípio da individualidade, que desassocia a consciência do indivíduo da conexão com o mundo material. Ahamkara propicia a capacidade de perceber o corpo como uma criatura distinta dos demais objetos. Representa o “eu” propriamente dito.
Depois da formação do sentido do “eu” através do ahamkara, pode-se identificar três qualidades universais que concebem todas as coisas do Universo , além de influenciarem o corpo e a mente, que são: sattva, rajas e tamas.
Nesse contexto, evidencia-se a importância de viver em harmonia com a natureza e, também, preocupar-se constantemente com a saúde.
Tudo o que há no Universo é energia, e existe em cinco diferentes estados de densidade, originando os Cinco Elementos: éter, ar, fogo, água e terra.
O corpo humano é formado por esses cinco elementos em igual proporção, de forma a interagirem o tempo todo, com infinitas possibilidades de proporções, sendo que cada um deles com seus próprios atributos. Então, a forma como os Cinco Elementos se manifestam no corpo humano é bastante complexa. Para a devida compreensão de suas representações no indivíduo, é fundamental entender o conceito de dosha.
Os Cinco Elementos são:
É a vibração, a energia mais sutil (ou menos denso). Através da sua movimentação, foi criada a manifestação da matéria do elemento Ar. Assim, ao mesmo tempo, a fonte de todos os outros elementos e o espaço onde eles existem. No corpo humano está relacionado aos vazios que o preenchem.
É o segundo elemento cósmico, o espaço em movimento, o gasoso. Traduz a leveza, a inquietude e a secura. Pelo atrito e calor transformou-se em fogo. Está presente nos movimentos fisiológicos.
É o terceiro elemento. É o elemento da transmutação e do calor, que tem o poder de mudar o estado de qualquer substância. O Sol é a fonte de fogo e de luz no Cosmos. Por ser um dos elementos mais etéreos, fundiu-se com o éter e o ar, que se liquidificaram revelando o elemento água. No corpo humano a fonte do fogo é o metabolismo e a fonte da luz é a percepção.
É o quarto elemento. Retrata o estado líquido. Reflete a lubrificação e a fluidez. Ao se solidificar originou as moléculas da Terra. No corpo humano são os fluídos e secreções e o “veículo” impulsionado pelo Ar.
É o quinto elemento. É a vibração mais densa e a forma mais estável de energia. Retrata o estado sólido. Representa a inércia e a firmeza. No corpo humano pode ser identificada pelos ossos, cartilagens, pele, músculos, unhas, cabelos.
Nesse contexto, o Éter (menos denso) e a Terra (mais densa) são extremos da manifestação de todas as matérias.
O fundamento dos Cinco Elementos tem muita semelhança com a filosofia grega pré-socrática do século V a.C., baseada nos Quatro Elementos, uma vez que deixava de fora o “Espaço”. Isso denota a diferença de visão de mundo grega (mundo ocidental) e indiana (mundo oriental). “Os indianos são mais espiritualistas e, por isso, concluíram que, antes de existir qualquer coisa, deveria haver um princípio de não-existência, o espaço.”
Os Cinco Elementos apresentam uma relação com os órgãos do sentido e com a harmonização do organismo humano.
Alguns autores descrevem essa interação do seguinte modo: o éter é veículo de transmissão do som, então, pode-se relacionar este elemento com o sentido da audição, tendo como órgão o ouvido. O ar tem relação com o sentido do tato, tendo a pele como seu órgão sensorial. O fogo denota calor e luz, relacionando-se com os olhos, órgãos da visão. A água tem ligação com a gustação, paladar, tendo a língua como órgão sensorial. E, por fim, o elemento Terra relaciona-se ao olfato, apresentando o nariz como órgão sensorial.
Com todos os elementos em harmonia, sem excessos ou qualquer deficiência, existe uma coordenação no organismo humano e em seus movimentos, retratando um equilíbrio entre corpo, mente e espírito.
Nesse sentido, a Ayurveda canaliza os Cinco Elementos através do doshas, atribuindo-lhes as funções físico-químicas e fisiológicas do organismo e objetivando manter a saúde no estado de homeostase.
Desse modo, a detecção das patologias ou o indício de sinais ou sintomas físicos, mentais e emocionais, somente serão possíveis com o entendimento desses elementos e de suas interrelações no momento do diagnóstico no organismo. Isso porque, como todo ser vivo é dinâmico, essas interrelações podem sofrer mudanças.
As doenças curáveis retrocedem pelas substâncias que têm propriedades energéticas opostas com a devida consideração quanto a dose, lugar e tempo. (Charaka Samhita)
Os estados sutis da matéria – SATVA, RAJAS E TAMAS
Falando-se em energia mais sutil da matéria, nos planos mental e astral há a manifestação dos gunas, que são os três atributos que proporcionam a base para a diferenciação do temperamento humano e as particularidades individuais frente às condições psicológicas e morais.
Os três atributos básicos são: satva, rajas e tamas.
Expressa equilíbrio, clareza, pureza, compreensão, a essência, amor e compaixão. Os indivíduos com esse temperamento apresentam corpos saudáveis. Acreditam em Deus e transbordam energia que envolve o sagrado. Atingem a auto-realização com pouco esforço.
Abrange extroversão, agressividade e movimento. Indivíduos cuja mente atua no nível sensual. Apresentam interesse por negócios e gostam de poder, riqueza e prestígio. Precisam de algum esforço para a auto-realização.
Expressa estupidez, ignorância, inércia e brutalidade. São indivíduos preguiçosos, egoístas e com capacidade de denegrir o outro, mostrando pouco respeito pelos demais. Não gostam de ouvir falar sobre espiritualidade. Estão constantemente insatisfeitos e não atingem a auto-realização.
O fato é que essas energias mentais influenciam nos padrões de comportamento dos sujeitos e, através de treinamento e práticas adequadas, podem ser modificados e aperfeiçoados com a aplicação de técnicas e métodos embasados por disciplinas espirituais, como o Yoga, por exemplo.
Um terapeuta ayurvédico apresenta recursos para colaborar com a mudança de comportamento dos indivíduos, uma vez que apresenta conhecimento dentro da manifestação desses atributos (satva, rajas e tamas).
Avaliação Terapêutica Ayurveda
Normalmente, o primeiro atendimento é uma consulta para que seja feita uma avaliação completa (anamnese e diagnóstico), que inclui a maneira tradicional de diagnóstico ayurvédico, o Pariksha, atentando a alguns pontos principais como:
A análise cuidadosa de todos os ítens mencionados, incluindo as características físicas, psíquicas e espirituais, é também, baseada nas respostas dos questionários referentes a cada dosha (Vata, Pitta e Kapha). A partir disso tudo, o terapeuta definirá se há a necessidade ou não de entrar com o tratamento, que concerne em um programa de tratamento ayurvédico.
Existem algumas maneiras de perceber a presença de Ama no organismo, como: a redução ou alteração na percepção dos sabores, diminuição do apetite, qualquer sinal de indigestão, mau hálito, sensação de peso no abdomem, odor ruim da transpiração, catarro ou salivação pegajosa, camada grossa de muco sobre a língua, dificuldade de eliminar as excreções, insônia, cansaço, fadiga, perda de clareza da mente, questões de brigas e relações conflituosas, etc.
No geral, o Ama apresenta atributos semelhantes ao dosha Kapha, como ser úmido, frio, pegajoso, grosso, pesado. E produz fermentação no intestino, principalmente, ao consumir produtos de origem animal e derivados de leite. Assim como, o tempo chuvoso, nublado, que favorece a produção de Ama. No entanto, há possibilidade de ocorrer desequilíbrios dos doshas com ou sem toxinas.
Toxina pode ser qualquer tipo de substância que provoque efeitos prejudiciais no corpo, levando as intolerâncias, alergias e a uma sensação geral de doença… (“Você é o que você come” – Dra. Gillian McKeith)
A mente estável é como o eixo de uma roda. O mundo gira em torno de você, mas a mente é inabalável. (B.K.S. Iyengar)
Tratamento (CHIKITSA) – Indicações
A saúde, segundo o Susruta Samhita, é definida como:
Quando os doshas (humores), dhatus (tecidos), agni (digestão e metabolismo) e a eliminação de malas (excreções) estão em sua função normal e isto está associado à clareza dos sentidos, mente e alma.
A Fitoterapia é um pilar importante dentro deste sistema. São utilizadas ervas e raízes com propriedades comprovadas desde há milhares de anos, que hoje são usadas em forma de chás, xaropes, formulações, pós, pastas, óleos vegetais, cápsulas entre outros.
Na filosofia indiana, o indivíduo pode não ter uma disfunção propriamente dita, porém, pode não estar saudável, uma vez que a saúde está submetida à integração corpo-mente-espírito.
Dessa forma, a análise feita na avaliação, já mencionada, direciona o tratamento propriamente dito. Onde o terapeuta vai trabalhar com os pontos de vitalidade, de metabolismo e de imunidade total do indivíduo, que são os pilares essenciais desse sistema, uma vez que são ativados para promover o bem estar e a vida. Vai agir, também, na vida emocional e espiritual da pessoa, aliviando qualquer quadro de sofrimento que possa obstruir o mecanismo de fisiologia plena e o funcionamento correto e desejado do organismo como um todo.
A Ayurveda é um sistema que prioriza e ensina uma cultura da saúde e do bem estar físico, emocional e espiritual. O foco é na expansão e na plenitude do espírito, e para isso, vai utilizar diversos recursos e ferramentas.
Após feito o diagnóstico, o terapeuta pode prescrever a dieta alimentar certa para equilibrar os doshas, além de indicar outras práticas mais adequadas a determinado caso, podendo incluir meditação, yoga, massagens com óleos de sementes orgânicas prensadas a frio, a utilização de determinadas ervas etc.
Nesse contexto, na Medicina Ayurvédica, há a abordagem terapêutica de promoção da saúde, de força, vigor e vitalidade, denominada Urjaskara Chikitsa, onde estão duas áreas principais: a Rasayana (rejuvenescimento), que auxilia na saúde física, mental, emocional e social, e Vajikarana (afrodisíacos), que promove a vitalidade a o aumento da libido, em indivíduos com bom estado de saúde.
E há a abordagem de tratamento de quadros de doenças (Roga Nut Chikitsa), onde estão seis vertentes que auxiliam indivíduos com quadros de sofrimento físico e/ou mental: Kaychikitsa (clínica médica ou medicina interna), Agada Tantra (toxicologia), Bhutavidya (psiquiatria e psicologia), Kaumarbhritya (pediatria), Shalya (cirurgia ayurvédica), Shalakya (doenças da cabeça e pescoço).
As terapias principais no Ayurveda são precedidas por alguns pré-tratamentos, com a denominação de Shamana, como o snehana (oleação), abhyanga (massagem realizada com óleos específicos para o dosha), swedana (banho de vapor de ervas) e shirodhara (óleo de ervas derramado sobre a testa durante alguns minutos) entre outros.
Há alguns tratamentos que servem de preparação para o Pancha Karma, muito populares no sul da Índia, que são o shirodhara, pizichilli, pinda sweda e shirobasti.
Seguem alguns recursos usados no tratamento ayurvédico:
Alimentação (Ahar)
Segundo os princípios ayurvédicos, a alimentação é o melhor remédio, uma vez que o organismo físico é, essencialmente, DNA revestido de alimento. Nesse sentido, o que o sujeito ingere determina a sua saúde e vitalidade. O programa alimentar retrata uma reeducação alimentar através de uma alimentação saudável e específica, de acordo com a desarmonia existente e/ou com o biotipo do paciente, para a manutenção da saúde e a conscientização do que significam os alimentos na visão do Ayurveda. Porém, antes ainda da indicação de nutrientes, o terapeuta deve avaliar como está a digestão do indivíduo, denominada agni (responsável pelas enzimas e pelo metabolismo).
Segundo a filosofia médica indiana, se a digestão não for competente, a comida não é absorvida adequadamente de forma a nutrir os órgãos e tecidos, favorecendo o acúmulo de toxinas (ama) no organismo e levando o corpo a adoecer. Então, se o agni está prejudicado, e há o acúmulo de ama, primeiramente, a digestão deve ser ajustada para depois, selecionar os ingredientes mais equilibrados para a pessoa, segundo a sua condição psicofísica. A alimentação deve ser variada, natural, cozida, oleosa e apresentar os seis rasa (sabores): ácido, adstringente, adocicado, amargo, picante e salgado. Os sabores serão utilizados para a regulação dos doshas. No Ayurveda, a nutrição é tudo aquilo que nutre o indivíduo, não só os alimentos têm essa função, mas também, os pensamentos, as emoções e as ações.
Meditação (dhyana)
A meditação é um excelente recurso utilizado para alinhar mente e corpo. Trabalha a consciência interior e tem o objetivo de afastar a negatividade, trazer centramento e outros benefícios para a saúde física. O indivíduo que pratica regularmente a meditação tende a apresentar maior estabilidade emocional, memória, tranquilidade, criatividade e melhor qualidade de sono. O terapeuta tem a possibilidade de indicar um programa de meditação específico para o dosha do indivíduo, levando em conta o prakriti (dosha original) e o vikruti (as desarmonias dos doshas). O programa pode incluir a técnica mais apropriada, tempo de duração, horário de realização, local etc.
Yogaterapia (asanas=posturas de yoga)
A Yogaterapia é a aplicação de técnicas do yoga para prevenir ou tratar doenças do corpo e da mente. Aqui, também, são indicadas determinadas posturas e exercícios de respiração mais adequados a certo dosha. O planejamento terapêutico é elaborado baseado no perfil do paciente e de acordo com o distúrbio existente.
Herbologia Ayurvédica (draivya guna)
Há milênios, as raízes e as ervas medicinais são utilizadas como recurso natural na prevenção, na busca da saúde plena e no tratamento de enfermidades. E no Ayurveda a herbologia ganha destaque com a fitoterapia, especialmente, nas citações do Atharvaveda. Na visão ayurvédica, uma única planta pode ajudar a melhorar diferentes tipos de desarmonias, sendo que é preciso levar em conta o dosha do indivíduo. É importante lembrar, que as pessoas não são um só dosha, mas uma combinação com algumas predominâncias. Daí a necessidade de se fazer um programa personalizado de tratamento, de acordo com o perfil de cada indivíduo.
Antes do tratamento fitoterápico, pode-se fazer a medição do pulso e a análise da língua do paciente (que age como um mapa do sistema digestivo), uma vez que ajudam a identificar a relação entre os doshas no organismo. No momento da escolha das ervas a serem usadas no tratamento, o terapeuta ayurvédico guia-se por quatro fatores: sabor (rasa), efeito pós-digestivo (vipaka), energia (virya) e potência especial (prabhava). Isso vai colaborar para elevar ou pacificar cada dosha.
Purva Karmas (terapias ayurvédicas)
São procedimentos aplicados no indivíduo com o intuito de prepará-lo para o pancha karma ou, ainda, para manter o equilíbrio dos doshas depois da realização do pancha karma. Essas técnicas compreendem todas as aplicações fundamentais para diluir, conduzir, lubrificar, aquecer, esfriar, nutrir, secar, ou seja, procurar equilibrar e/ou manter em equilíbrio o dosha do sujeito. São procedimentos aplicados, também, em tratamentos mais leves que sugerem um acompanhamento de manutenção da saúde do indivíduo. São mais de trinta técnicas diferentes que possibilitam ao terapeuta estabelecer um programa personalizado e mais adequado ao indivíduo, sempre baseado no seu perfil (dosha). A Shamana, então, um tipo de Purva Karma, é aplicada para ajustar as desarmonias do dosha. É uma forma de fazer o paciente retornar à natureza, ou seja, ao seu ponto de equilíbrio (saúde). E há o Shodona (Pancha Karma), procedimento intenso de purificação, normalmente, aplicado quando o paciente está em desequilíbrio crônico.
Programas de Desintoxicação
Existem programas mais suaves, direcionados de acordo com a necessidade de cada paciente, que podem ser realizados na casa do paciente, com a orientação de uma limpeza interior do seu organismo e de sua mente, através do uso de meditação, Yoga, uso de óleos internos e externos, ervas específicas para massagens, orientação alimentar, outros exercícios físicos etc. E há programas mais intensos, que envolvem uma desintoxicação mais profunda do organismo, adicionando técnicas de limpeza interna profunda, tratamento conhecido como Pancha Karma.
Pancha Karma (detox em cinco etapas)
É a terapia das cinco ações. Envolve técnicas terapêuticas voltadas ao equilíbrio do dosha em desarmonia, de forma a eliminar as toxinas (ama) geradas pela comida não digerida, que permanece no organismo e é a raiz de muitas doenças. Cada um desses procedimentos é chamado de Pradanakarma e tem o objetivo de expulsar do organismo determinada toxina. São eles: Vamana é responsável por purificar o estômago (vômito terapêutico); Virechana limpa o fígado e o intestino delgado (purgação terapêutica); Basti tem o foco no intestino grosso (enema terapêutico – lavagem); Nasya é a terapia nasal; e, Rakta Mokshana purifica o sangue (terapia de limpeza do sangue).
Rotinas saudáveis (Swastha Vritta)
No Ayurveda observa-se uma atenção especial à manutenção da saúde e à prevenção das doenças. Nesse contexto, sugere seguir seis estilos de vida: Dinacharya (estilo de vida diário), Ratricharya (estilo de vida noturno), Rutocharya (estilo de vida baseado nas estações do ano), Ahar Viddhi Ayatana (uma alimentação correta), Sadvritta (comportamento correto e adequado na vida – cultura mental), Rasayana (rejuvenescimento – aumento das defesas orgânicas). Esses são ciclos da natureza que direcionam o indivíduo a regular seu próprio ciclo e ritmo biológico. Buscando, também, ajustar o ciclo dominante no momento presente, ou seja, adaptar e adequar às atividades diárias, sem contudo, esquecer de atentar à constituição psicofísica e a época do ano em que o indivíduo está em tratamento.
Satvajaya
Trata-se de um método ayurvédico que tem por objetivo melhorar as funções da mente e conseguir expandí-la; também, purificar e curar questões espirituais, abandonando sentimentos e emoções negativas. São utilizados alguns mantras para mudar o padrão vibratório da mente, o reiki ayurvédico, os mudras do yoga, pedras e metais que auxiliam no equilíbrio dos chacras, meditações e rituais com os cinco elementos para modificar os estados cognitivos e mentais, entre outros.
Amapachana (digestão de toxinas)
É um conjunto de processos associados a uma dieta de pacificação e desintoxicação do sistema digestivo, para a eliminação de toxinas (ama) e aumento dos doshas. Esses procedimentos colaboram para uma limpeza profunda com grande redução do processo de fermentação que faz adoecer; atuam como poderosos estímulos para a renovação celular e rejuvenescimento; propiciam a clareza mental, a saúde, o desaparecimento de disfunções crônicas e emagrecimento, quando for necessário.
Astrologia védica e quiromancia védica
Uma vez capaz para isso, o terapeuta pode utilizar esses recursos para complementar o diagnóstico e/ou elaborar um programa de tratamento para o paciente.
A Ayurveda faz uso, também, da Cromoterapia, da Aromaterapia, da Meditação, da Musicoterapia, da Yoga, que são práticas que além do corpo físico, trabalham com a energia sutil e com o propósito de vida. Há diversos outros procedimentos dentro da Medicina Ayurvédica, que vale uma leitura e pesquisa mais aprofundada. Todos são de extrema importância na prevenção também e, portanto, muitas vezes, é recomendado que sejam feitos novamente a cada mudança de estação.
A condição de estar liberto das doenças é a melhor fonte de virtude, prosperidade, gratificação e emancipação. As doenças são destruidoras dessa fonte, do bem estar e da própria vida. (Charaka Samhita)
Considerações finais – Ayurveda e sua importância
O Ayurveda sempre encantou pelos seus mantras, pela leveza e pela meditação. Atualmente, o foco é a utilização de plantas medicinais, na força que existe na natureza. Há um respeito, admiração, encantamento e contemplação de todos os aspectos das plantas.
Existe uma profunda conexão entre o corpo e a natureza. E há uma inteligência inata em toda a constituição celular humana. É fundamental que o fluxo esteja em equilíbrio, para que as funções orgânicas e psíquicas sigam sua trajetória de forma harmônica.
Segundo o Ayurveda, para manter o equilíbrio é necessária a atenção à alimentação, o que é ingerido e como é ingerido, às mudanças climáticas e às estações do ano, para que haja um melhor aproveitamento das riquezas naturais encontradas nas plantas e minerais.
Os primeiros textos originários do Ayurveda já traziam a importância da relação profunda entre o que se comia e o quadro de vitalidade, potência de percepção sensorial e intelectual, ou a um quadro psicossomático associado.
Existia a observação da relação entre o alimento e sua capacidade em potencializar funções no organismo, até dentro do ambiente mental.
Sabe-se, através da Medicina Ayurvédica, como já foi citado, que desde o nascimento, o indivíduo apresenta um biotipo (dosha), um perfil, que seria um padrão de constituição que evidencia a sua verdadeira força, potência e características básicas essenciais. Preconiza o cuidado com o corpo, a mente e o espírito.
Todas as pessoas são formadas pelos Cinco Elementos, mas através de uma avaliação personalizada e cuidadosa, levanta-se o(s) dosha(s), que mostra a predominância de determinados elementos.
A partir daí, o objetivo é equilibrar o dosha indicando uma dieta mais adequada, direcionando o dinacharya (conjunto de práticas de cuidados para ajudar os indivíduos neste processo).
Ao detectar os sintomas de que um ou mais doshas estão caminhando para um estado de desequilíbrio, seja físico ou mais sutil, há a possibilidade de reagir antes que o mecanismo de desarmonia evolua para uma doença. Aqui trata-se da terapia preventiva.
A atividade física é fundamental, uma vez, que favorece a eliminação natural e espontânea de toxinas, no momento em que origina calor, tonifica, alonga, mobiliza fluídos, flexibiliza e oxigena o corpo. O indivíduo deixa de lado o sedentarismo e o desânimo, que favorecem o surgimento de toxinas no organismo. Impulsiona a circulação da energia vital, colaborando na ativação do fluxo, assim, o organismo vai se equalizando.
A escolha da atividade deve ser baseada e compatível com o dosha do indivíduo, com seu estilo de vida e com a alimentação, também, levando em conta as preferências da pessoa, suas características, seus limites, observando como será a intensidade e qualidade dos exercícios.
E, assim, os métodos dentro da ayurveda buscam mais do que prevenir e promover a saúde, vão além, propiciando um estado de expansão de consciência, através de um mergulho dentro de si mesmo, utilizando os recursos já mencionados. O indivíduo tem a possibilidade de fazer um trabalho centrado na essência de seu ser, obtendo uma mudança de padrão vibratório e agindo no campo espiritual.
Para os estudiosos do Ayurveda, o sujeito tem diversas experiências no meio em que vive, com muitas distorções da realidade de acordo com a intervenção do ego, que origina ignorância simultaneamente. E a doença se manifesta nesse contexto, porque a pessoa enfrenta dificuldades e conflitos, não se sentindo feliz. Questões que marcam o espírito, fazendo surgir as doenças, segundo o pensamento Ayurveda.
O trabalho da sabedoria indiana tem o foco nesse ponto, viabilizando o processo de cura e a promoção da saúde, com o restabelecimento do conhecimento.
Para muitos indivíduos, a princípio, as práticas podem estar distantes de sua rotina habitual, mas, aos poucos, os procedimentos indicados pelo terapeuta vão surtindo efeito, a pessoa começa a sentir que faz bem a seu corpo e, também, a todo o seu ser. Inicia-se um estado de presença mais forte, não só na rotina diária, mas lá em sua essência, para que a vida flua de forma mais leve e harmônica.
A filosofia, ainda, menciona a longevidade, que é viver mais e melhor, e atingindo de forma consciente todos os atributos de sua personalidade, lapidando e trabalhando suas habilidades, possibilitando a expressão máxima da potência de seus talentos, conseguindo assim, realizar seus sonhos e objetivos. A longevidade remete a uma jornada especial, de presença, de estar consciente no seu dia a dia, no aqui e agora, dentro deste Universo, para curar a si mesmo, dissolvendo toda e qualquer ilusão e estado de ignorância.
A partir disso, a vibração se altera e o sujeito torna-se um ponto de luz para o mundo, reverberando essa vibração para quem está ao seu redor.
Mente, noção de individualidade e corpo formam um tripé sobre o qual o mundo dos seres vivos se mantém. (Charaka Samhita)
Para o ignorante o mundo inteiro é seu inimigo, porém para o sábio o mundo inteiro é seu professor. (Charaka Samhita)
Fontes e Referências